Presidente eleita do Andes reafirma compromisso com Universidade Pública

Nesta entrevista para o Boletim Adunifesp, a professora da UFF, Marina Barbosa, presidente eleita do Andes-SN, fala das prioridades de sua gestão. A Chapa 1 “Andes Autônoma e Democrática”, concorrente única das eleições do Sindicato Nacional, foi eleita com 9.860 votos, em cerca de 90 instituições de educação superior de todas as regiões do país. O pleito ainda contou com 701 votos em branco e 275 nulos. A próxima gestão do Andes-SN contará na regional São Paulo com as professoras da Unifesp, Clélia Rejane e Soraya Smaili.

Quais serão as prioridades da próxima gestão?

O nosso programa de chapa destaca diversos pontos como a defesa da educação pública e gratuita; da autonomia e da democracia nas universidades; da dignidade do trabalho docente; da carreira única; e da ampliação e fortalecimento do Andes-SN. Trata-se, pois, de um extenso rol de preocupações, todas muito importantes.

Gostaria de dar ênfase especial à necessidade de priorizar à retomada do protagonismo dos professores para que possamos, a partir do cotidiano da vida universitária, revigorar esse agir coletivo dos docentes na luta pelos seus direitos e por uma universidade integrada com a sociedade, portanto, como parte de um projeto emancipador para toda a população brasileira.

Existem atualmente iniciativas do Governo e do Congresso que congelam salários, desregulamentam a carreira e prejudicam diretamente os docentes. Quais os objetivos do Andes para os próximos dois anos em relação à carreira e salário dos docentes?

Não é preciso insistir no caráter perverso dessas iniciativas. No Congresso está em curso o PL 549 que visa o congelamento dos salários dos servidores federais, cujos reajustes anuais ficariam, por dez anos, restritos ao índice inflacionário do ano anterior mais 2,5%. Como argumento, os seus autores dizem pretender a contenção dos gastos públicos, portanto contribuir para a política de controle de juros e de manutenção do superávit para atender aos compromissos financeiros internacionais, ou seja, pagamento da dívida.

De outra feita, recentemente tem havido investidas do governo em relação à carreira docente. Acuado pelo Tribunal de Contas que questionou as ações das fundações, ditas de apoio, nas universidades federais, os Ministérios do Planejamento e da Educação têm apresentado propostas de alteração da carreira com a flexibilização principalmente do regime de dedicação exclusiva. Essa investida escancara a universidade para o interesse mercadológico, puramente competitivo e meritocrático. Tanto em relação à carreira quanto aos salários, o nosso último Congresso estabeleceu no seu plano de lutas o enfrentamento direto a essas questões.

Como foi o Congresso realizado em Belém? A defesa das cotas foi a aprovação mais significativa?

Os eixos centrais de luta aprovados são a valorização do trabalho docente da educação superior; a luta em defesa da universidade pública; ações contra as tentativas de subordinação do sindicato aos governos; e contribuição ativa e decisiva, no âmbito da Conlutas, no processo de construção de uma nova central. Nesse sentido, avançamos porque definimos políticas que buscam responder às demandas dos docentes e da universidade tanto quanto da necessidade de fortalecimento da organização sindical.

Sobre as cotas, é preciso reafirmar que o assunto tem sido insistentemente debatido no Andes. Nossa posição histórica é a favor das políticas universalistas, em contraposição às focais. No último congresso esse enfoque não foi abandonado. Assim, a adoção do sistema de cotas deve ser vista sob o aspecto da transitoriedade para atender as situações agudas de desrespeito aos direitos de importantes setores, os quais vêm cobrando providências para reparar flagrantes injustiças.