Expansão da Unifesp pode prejudicar faculdade municipal de Osasco

Uma faculdade municipal de Osasco com mais de 40 anos, a FAC/FITO, pode acabar fechada, caso seu prédio seja cedido para o novo campus da Unifesp na cidade. É o que diz um movimento de alunos e professores que acusam o atual prefeito, Emídio de Souza, de patrocinar o “desmonte” da instituição. A entrega do prédio seria apenas o último golpe de um longo processo de abandono, durante o qual a FAC/FITO perdeu cerca de mil estudantes, a metade do total. O boicote do poder municipal seria tão grande, que, no último ano, professores tiveram que fazer “vaquinhas” para produzir faixas de divulgação do vestibular.

Negociações sobre a concessão já estariam ocorrendo há cerca de um ano, mas o movimento em defesa da FAC/FITO alega ter ficado sabendo apenas pela imprensa, depois que o Conselho Universitário da Unifesp aceitou receber o prédio, em reunião no dia 14 de abril. Em nota, a Direção da faculdade afirma que um novo prédio com toda a infra-estrutura e em melhores condições será construído nos próximos meses. “A FAC/FITO somente será transferida quando as novas instalações estiverem concluídas”, promete o documento.

O movimento em defesa da FAC/FITO, por sua vez, questiona a vontade política do governo municipal em construir um novo prédio, já que até agora nada teria sido feito. “Sabemos que em três meses não se constrói nenhum prédio. Tem que fazer e aprovar o projeto, abrir licitação para contratar empreiteira e comprar material, o processo de habite-se, a mudança de laboratórios e biblioteca etc. Nada foi feito e nem tem previsão para começar”, afirma um docente da instituição. Além da postura autoritária da prefeitura em relação à transferência do prédio, o movimento também aponta interesses eleitorais na tentativa de instalar “a toque de caixa” o Campus da Unifesp em Osasco.

Várias manifestações já foram organizadas pelo movimento, sendo uma delas em pleno centro comercial de Osasco, na véspera do Dia das Mães. Os manifestantes pararam o trânsito e denunciaram a tentativa de desapropriação do prédio da faculdade municipal. Em audiência com o Reitor da Unifesp, Walter Albertoni, um grupo de professores da FAC/FITO esclareceu não ser contra a ida da federal para Osasco, mas que apelavam para que a desapropriação da faculdade não fosse aceita. Já o Reitor alegou que não conhecia os problemas enfrentados pela instituição, mas que eles deveriam ser resolvidos com a prefeitura. Sobre o terreno que foi cedido há vários anos pelo exército para o Campus da Unifesp na cidade, Albertoni afirmou que a verba para a construção do prédio não teria sido liberada.

O episódio ainda parece longe de terminar e o movimento em defesa da FAC/FITO promete continuar lutando para manter seu prédio. Avalia entrar com uma ação pública na Curadoria das Fundações e apelar para que o Conselho Estadual de Educação negue o pedido de transferência do Campus. Além disso, farão pressão para que os vereadores de Osasco não aprovem um projeto de lei sobre a doação.