Em um curto período de tempo, entre abril e junho de 2017, vivenciamos tantos embates políticos que as reflexões ponderadas não encontram seu compasso junto à necessidade de ações políticas tornando-se, na maioria das vezes, reações políticas. O acirramento da crise política com a exposição midiática dos agentes golpistas, num momento de votação iminente das reformas da previdência e trabalhistas, e da construção e fortalecimento das mobilizações desde a greve geral de 28 de abril, nos imobilizou por alguns instantes, em que discutimos sem muita objetividade sobre as possíveis sucessões, os cenários e conjunturas, agravados pela incógnita participação midiática num golpe que a própria mídia hegemônica ajudou a concretizar.
Não podemos nos abalar e nem nos deixar confundir pelo acelerado compasso dos embates políticos, a central reflexão já foi feita, as bandeiras construídas e levantadas, não aceitamos esse ilegítimo governo, defendemos a manutenção de direitos conquistados como a previdência e trabalhistas e exigimos a participação direta da população nos rumos políticos do país. O movimento Ocupa Brasília em 24 de maio mostrou que as mobilizações continuam ganhando força e adesão. Próxima etapa: construção de nova greve geral em 30 de junho.
Esse quadro de crise política em âmbito nacional não garante trégua dos ataques aos serviços públicos, pelo contrário, continuamos vivenciando os desdobramentos nos âmbitos locais de um programa de desmonte da educação e saúde públicas. Em nosso caso esses ataques são evidentes com a crise no Hospital São Paulo (HSP) agravada pelo anúncio dos Ministérios da Saúde e da Educação sobre o fim do repasse de verbas do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF), fundamental para o fortalecimento das atividades de ensino, pesquisa e assistência.
Outros indícios locais da continuidade do programa de desmonte dos serviços públicos em meio a crise política são percebidos nas condições de trabalho dos docentes e professores do ensino básico, técnico e tecnológico da Unifesp, com dificuldades para evolução na carreira, ameaças de controle de ponto, casos de adoecimento e assédio.
Portanto, temos que seguir fortalecendo as mobilizações nacionais ao mesmo que ficamos atentos para nosso contexto local. A luta é aqui e agora.
Adunifesp-SSind