A Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo (Adunifesp-SSind) manifesta sua integral solidariedade a todos os 26 presos no Centro Cultural São Paulo, antes mesmo do início da manifestação pacífica e democrática realizada ontem, 4 de setembro de 2016, contra o governo estabelecido por meio de golpe parlamentar. Um dos presos é filho de ex-docente, associada à nossa entidade, que trabalhou no Campus Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo. Dentre os presos, há mulheres e também menores. As absurdas acusações de crime por associação criminosa e corrupção de menores foram acompanhadas de outros abusos, como o envio dos detidos para o DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais),ao invés de serem levados a uma Delegacia de Polícia, mantê-los incomunicáveis por 8 horas e colher depoimentos sem a presença de seus advogados, infringindo claramente seus direitos civis.

Observe-se que foram prisões objetivamente anunciadas. Basta mencionar, a este respeito, o gigantesco aparato repressivo mobilizado como se fosse para uma guerra. E, de fato, o que se viu foi uma operação militar contra os manifestantes que ali exerciam um direito legítimo e garantido pela Constituição Federal. Estas prisões, realizadas ao arrepio da lei, sem que houvesse qualquer direito de defesa, com flagrante violação do Estado Democrático de Direito,constituem um dos aspectos mais importantes e preocupantes da ofensiva golpista.
Deixamos claro nosso repúdio à repressão policial que já vem se tornando costumeira contra o legítimo direito de manifestação política. Mas isto não basta! É preciso destacar que estes procedimentos antidemocráticos se relacionam estreitamente com uma política que visa penalizar as classes populares com o peso da saída da crise, eliminando uma série de direitos duramente conquistados. Daí a fúria com que forças golpistas se voltam contra a liberdade de expressão, inclusive no que se refere à universidade, lócus de reflexão crítica acerca dos rumos políticos que vêm sendo ditados por grupos que não têm o aval das urnas.
Neste sentido, para além de repudiar a repressão policial, é imprescindível responsabilizar seus mandantes e os interesses que representam.
Libertem os presos políticos já!

Adunifesp-SSind