Declaração de princípios por filiados da Adunifesp candidatos aos conselhos da Universidade
A Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo tem defendido historicamente a autonomia e a gestão democrática da Universidade Pública, uma conquista valiosa inserida na Constituição de 1988 que tem sido brutalmente atacada nos últimos anos, particularmente pelo atual governo, o qual julga legítimo usar cargos públicos para fins individualistas e/ou perseguições.
As eleições para os conselhos da nossa universidade se aproximam e a Adunifesp conclama aos candidatos a, uma vez eleitos, que usem seus cargos para o bem comum. Por isso a Adunifesp apresenta esta carta de princípios publicamente firmados por candidatos que são também seus associados:
1 – Defender o serviço público e as carreiras dos servidores, conforme garantidos na Constituição Federal, contra os ataques governamentais que tentam colocar sobre a universidade e sua comunidade a conta da crise – como por exemplo aqueles inclusos no atual pacote de emendas constitucionais de Guedes (“Plano Brasil Mais”) e no projeto “Future-se” do MEC.
2 – Respeitar diuturnamente a gestão democrática da coisa pública, preservando os resultados das consultas comunitárias e dos trâmites nos colegiados para evitar alterações indevidas no âmbito do governo federal.
3 – Rechaçar qualquer articulação ou tentativa de reverter de forma golpista as deliberações internas da universidade, tais como as escolhas, por eleições dentro de trâmites legais, estatutárias e regimentais, de reitores, diretores de unidades acadêmicas, chefias de departamentos etc.
4 – Defender a democracia, os direitos humanos, a soberania nacional e da autodeterminação dos povos.
5 – Praticar a política universitária pelo diálogo e pelo respeito mútuo na diversidade, tomando a liberdade de cátedra e a autonomia dos vários ramos da ciência como cláusula pétrea da universidade pública.
6 – Combater e condenar práticas autoritárias, em particular as de tipo fascistas, seja ele manifesto dentro ou fora da Unifesp, especialmente quando na perseguição político-ideológica a docentes, técnicos, pesquisadores e estudantes.
7 – Preservar os princípios de manutenção econômica do ensino superior, no sentido de que o Estado é o responsável pela sobrevivência e manutenção da Universidade Pública. A entrada de verbas privadas tem normas e legislações e, quando ocorrem de forma legal e republicana, podem ser algum tipo de complemento, jamais o modo principal de financiar o ensino, a pesquisa e a extensão.
8 – A Universidade é o local da ciência, das artes e da filosofia. Por isso os candidatos devem rejeitar qualquer relativização do método científico e difusão de teorias que rejeitam conhecimentos óbvios. São inaceitáveis as relativizações sobre o formato da terra, a necessidade de vacinar a população, o aquecimento global e o fato do nazismo ter sido um movimento de extrema-direita. A presença de tais postulados desmoraliza a universidade.
Esperamos que esses mínimos básicos de convivência sejam o princípio de atuação dos nossos associados na Unifesp.
São Paulo, 25 de novembro de 2019
Firmam tais compromissos:
Anderson do Nascimento Pereira
Anderson Kazuo Nakano
Ana Paula Santiago Do Nascimento
Carlos Alberto Bello
Claudia Alessandra Tessari
Claudia Fegadolli
Clelia Rejane Antonio
Cristina Rossi Nakayama
Daniel Arias Vazquez
Egeu Esteves
Eliane de Souza Cruz
Emiliano Castro de Oliveira
Fabiana Schleumer
Fabio C. Venturini
Fábio Franzini
Giovanna Milano
Gustavo Prieto
Ivan Ribeiro
Jane Zveiter de Moraes
Javier Amadeo
Joana Barros
João Tristan Vargas
Karina Ramalho Bortoluci
Luciana Maria Cavalcante Melo
Luciana V. Rizzo
Luiz Augusto F. F. Maluf
Luiz Leduino Salles Neto
Marcello Simão Branco
Marcos Cezar de Freitas
Mariângela Graciano
Melvina Araújo
Murilo Pereira Leal
Patrícia Laczynski de Souza
Raul Bonne Hernandez
Ricardo Santhiago Correa
Ricardo Silva
Stephan Geocze
Tiaraju D’Andrea