Desaparecidos desde o último dia 26 de setembro, 43 estudantes da Escola Normal de Ayotizinapa, em Iguala no México, foram confirmados mortos pelo Procurador-Geral da Justiça mexicana Jesús Murillo Karam. A declaração foi feita no dia 7 de novembro aos familiares seguida da divulgação da confissão de três membros do cartel de narcotráfico “Guerreros Unidos” responsabilizando-se pela execução. A Procuradoria Geral também confirmou a participação da Prefeitura de Iguala nos assassinatos ao ordenar que a polícia entregasse os estudantes ao cartel.
No dia 26 de setembro, em meio a um protesto na prefeitura local em que os estudantes reivindicavam mais recursos para a sua Escola Normal, voltada à formação de professores, os policiais, sob ordens do então prefeito (agora detido e destituído de seu cargo), atacaram os manifestantes, em sua maioria estudantes, para evitar desdobramentos negativos à continuidade do seu mandato. No ataque seis pessoas morreram e 43 foram dados como desaparecidos, a maioria deles entre 18 e 21 anos de idade. Desde então as denúncias sobre a relação entre a polícia e o cartel de narcotráfico multiplicaram-se, questionando os interesses envolvidos e a específica violência e motivação neste caso. Uma agência de comunicação independente mexicana descreveu o conflito de interesses da seguinte forma, evidenciando sua complexidade:
“O que não está claro é o nível de vínculo entre o prefeito e o grupo de GU-Polícia, quem deu a ordem direta de executar os estudantes e onde estão os demais. Não se sabe se as motivações para realizar essa chacina são de origem política, se se trata de uma mensagem para a organização inimiga, Los Rojos; se é um ajuste de contas entre as duas facções partidárias em disputa pelo poder estadual, quer dizer, entre o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido da Revolução Democrática (PRD), ou melhor, entre a família Figueroa e o bloco de Ángel Aguirre”.
Após um mês e meio do desaparecimento, da ausência de notícias até então, essa trágica confirmação não pode significar que o caso esteja encerrado e que devemos esquecê-lo. Mesmo com muito ainda a ser investigado e esclarecido, considerando a dificuldade de tornar públicas as informações dado os conflituosos e poderosos interesses políticos envolvidos no caso, temos o suficiente para formular que tais ações são hediondas, completamente inaceitáveis e intoleráveis.
A Adunifesp-SSind repudia veementemente esse ato bárbaro contra os jovens que, como muitos de nós, lutavam pela melhoria das condições de ensino e do magistério.
“Vivos foram levados, vivos nós os queremos!”
Fonte: Agencia Autonoma de Comunicação Subversiones, ANDES-SN, Carta Capital.