Paralisação reivindica expansão com qualidade

As paralisações de docentes e estudantes em Santos e de estudantes em Guarulhos demonstram que já é hora do processo de expansão da Unifesp tomar outro rumo. Entre as reivindicações, condições de trabalho e educação, infraestrutura adequada e políticas consistentes de permanência estudantil. As aulas estão 100% paradas na Baixada desde o dia 06 de outubro e em Guarulhos desde 21 do mesmo mês. Além disso, os professores e técnicos de Santos também estão bastante mobilizados. Em São Paulo, Diadema e São José dos Campos, alunos vêm participando do movimento, solidários com os estudantes em greve, mas sem paralisação.

Uma plenária com 60 professores da Baixada, realizada no dia 04 de novembro, decidiu pelo estado de assembleia permanente e organizou diversas comissões de trabalho. Já em reunião no dia 10, foi aprovada a paralisação dos docentes – com a exceção de algumas atividades – a partir do dia 16 do mesmo mês. “Essa deliberação deve-se à insatisfação generalizada com as condições de trabalho, de funcionamento e de gestão da Universidade Federal de São Paulo, que vêm se perpetuando desde a implantação desse campus, em 2006”, afirma uma carta dos docentes à Comunidade.

O curso de Educação Física é o que vive a situação mais crítica na Baixada Santista. Apesar da primeira turma ter se graduado no ano passado, parte importante dos equipamentos, como quadras e piscina, não existem, o que tem causado evasão de alunos e professores. Segundo um docente, quatro colegas já deixaram a Universidade e vários outros podem seguir o mesmo caminho. Eles reivindicam a assinatura de um convênio entre a Unifesp e uma instituição de São Vicente, o Sest/Senat, para a realização das aulas práticas em um espaço físico nesta cidade.

As negociações entre docentes e a administração universitária já começaram e discutem condições de trabalho, infraestrutura e permanência estudantil. Um documento com pautas emergenciais foi apresentado à Reitoria e reivindica, entre outras coisas: a entrega dos Blocos I e II do Campus definitivo e uma auditoria nesta obra; a resolução dos impasses para a construção do Bloco III; transporte gratuito entre os atuais prédios alugados; um programa de alimentação subsidiada e a construção de um restaurante universitário; moradia estudantil; serviço de creche; e ampliação de auxílios financeiros aos estudantes.

No último dia 04, em reunião com o Reitor Walter Albertoni, a Adunifesp apresentou e apoiou as demandas dos docentes de Santos. Em conjunto com o Conselho de Entidades, a Associação também participou de outra reunião com a Reitoria, no dia 10, apresentando uma pauta unificada das categorias. O Reitor se comprometeu a responder até o dia 17 e a estabelecer mesas de negociação, além de um canal de comunicação permanente com as entidades. Nesta reunião, ele informou que algumas das reivindicações já estavam sendo encaminhadas, como a questão dos transportes em Santos e Guarulhos, a abertura de licitação do restaurante universitário em Santos e a entrega do Campus definitivo da Baixada em junho de 2011. Por último, foi marcada uma mesa de negociações em Santos, com a presença do próprio Albertoni, para o dia 18 de novembro.

Assim como a Baixada Santista, Guarulhos também vive enormes dificuldades. Durante a última assembleia geral dos estudantes, um discente do campus afirmou que “no curso de Ciências Sociais, dos cem alunos que ingressaram há quatro anos, hoje são 60 e apenas 16 vão se formar agora”. Reuniões entre os discentes e representantes da Direção do Campus e da Reitoria já estão acontecendo e em pauta temas como a construção do prédio próprio a partir de janeiro, a reforma do bandejão, moradia estudantil e a viabilização de um transporte adequado da capital até o Campus.

Reunindo estudantes de todos os Campi, foram realizadas duas Assembleias Gerais em São Paulo. A presença de cerca de 400 alunos em cada uma delas demonstra o forte descontentamento com o processo de expansão. Na última, no dia 09 de novembro, uma pauta estudantil unificada foi aprovada e entregue em mãos ao Reitor Walter Albertoni. O documento reivindica entre outros pontos: conclusão das obras da expansão; restaurantes e moradias universitárias nos cinco Campi; contratação de professores e servidores; assistência social e à saúde; e políticas de permanência estudantil adequadas. Os discentes esperam uma contraproposta da Reitoria para o dia 17 e realizam outra assembleia geral no dia 18.

As mobilizações também foram marcadas por episódios de repressão inaceitáveis. Por duas vezes alunos da Unifesp foram agredidos por policiais durante manifestações. No último dia 10, quando os estudantes tentavam entregar sua pauta unificada ao Reitor, foram impedidos por policiais militares de entrar na Instituição. Após certo empurra-empurra, os policiais jogaram gás de pimenta nos discentes, ferindo vários deles. Já no dia 21 de outubro, após a assembleia que decretou a greve em Guarulhos, estudantes foram agredidos pela Guarda Civil Metropolitana ao tentar entrar e comunicar a deliberação a colegas, em uma escola onde ocorrem parte das aulas do Campus. Em nota aprovada por sua Diretoria, a Adunifesp manifestou apoio às mobilizações estudantis, além de repudiar os episódios de violência contra os discentes.