Nossa situação é dramática mas seguimos defendendo o SUS e a Universidade Pública

Nesta quinta-feira dia 09 de abril de 2020 foi realizada a Plenária da Adunifesp, via videoconferência, com a participação de representantes das entidades da Unifesp – APG, Aremulti, DCE e Sintunifesp – e falas de abertura do prof. Arthur Chioro, docente da Unifesp, ex-ministro da saúde e prof. Wagner Romão, docente da Unicamp, presidente da Adunicamp. Assista aqui a fala de abertura do prof. Arthur Chioro.

Com participação de cerca de 60 docentes foram enfatizados os seguintes pontos, que devem orientar a luta e mobilização das categorias organizadas em suas entidades assim como sua atuação conjunta:

– Remoção do Bolsonaro do governo para possibilitar um combate contra a pandemia;
– Defesa do SUS;
– Defesa das verbas e da pesquisa;
– Assistência estudantil;
– Campanha de defesa dos HUs (HSP e HU2) ;
– Campanha de defesa de quem trabalha no HU;
– Defesa pelas condições seguras de trabalho, com a disponibilidade de EPIs, testes rápidos, proteção específica dos servidores do HU e dos residentes de um modo geral;
– Nova campanha contra os cortes de salários;
– Mobilizações remotas articuladas pelo Conselho de Entidades.

A plenária foi aberta com breves informes da Adunifesp, prof. Fábio Venturini, presidente da entidade, destacou que o trabalho sindical continua, mesmo remoto, e que a Adunifesp seguirá dando suporte aos docentes. Apresentou as ações jurídicas em estudo e andamento pela assessoria jurídica, pela manutenção dos benefícios e adicionais no período da crise e pela suspensão do aumento da alíquota previdenciária da reforma da previdência. Raul Bonne, diretor de comunicação, destacou as alterações da pasta de comunicação para ajustar à necessidade da comunicação remota, com ativação de canais digitais como facebook e youtube, além do boletim agora digital que será enviado por e-mail. Alberto Handfas, secretário geral, destacou a importância da pauta contra o corte de salários dos servidores, uma ameaça constante no período de crise. Ressaltando a campanha da Adunifesp de envio de e-mails aos parlamentares como uma ação de pressão digital contra os cortes. Daniel Feldmann, tesoureiro, apresentou a iniciativa da entidade do Fundo Solidário, que recebe e repassa doações financeiras à população em situação de maior vulnerabilidade social através de movimentos sociais. A participação com doações financeira ou composição do comitê aberto aos filiados que organiza tais doações devem encaminhar e-mail para [email protected].

A análise qualificada de abertura foi realizada pelo prof. Arthur Chioro, docente da Unifesp e ex-min istro da saúde, que apresentou uma série de dados sobre a crise sanitária, montando um quadro gravíssimo para saúde e nossa organização social. A crise segue, ainda se ampliará até final de maio, com pico de contaminação e óbitos, com um sistema público de saúde completamente desestruturado por ações políticas anteriores como a EC95. O teto de gastos retirou na ordem de 22,5 bilhões dos serviços públicos essenciais e deixou o SUS já sobrecarregado, com leitos insuficientes antes mesmo da pandemia. Ainda temos a grave situação dos profissionais da saúde sem equipamento de proteção adequados. A esse quadro de desestruturação e desumanização soma-se a incapacidade de compra e realização de testes para um diagnóstico e ações mais precisas, dado o despreparo e falta de iniciativa do governo federal. O governo não conseguiu, mesmo com tempo para isso, organizar ações efetivas para diminuir a crise. O isolamento social, puxado pelos governadores estaduais, medida fundamental para evitar o colapso do sistema de saúde e que deveria ser mantida e ampliada até pelo menos final de maio, sofre com a deslegitimação de Bolsonaro em seus pronunciamentos e falta de estratégias em massa. Soma-se, portanto à crise sanitária, uma crise econômica e crise política. Um quadro dramático para toda população.

Assista aqui a fala de abertura do prof. Arthur Chioro.

Mesmo com o choque de realidade, temos em pauta como numa tivemos a importância do SUS como modelo de sistema público de saúde, capaz de garantir dignidade à população. Nesse sentido temos pela frente importante batalha a ser travada nesse momento de crise a defesa do SUS e de todo serviço público essencial como a educação pública.

Destaque também para a fala do Paulo Guimarães, enfermeiro do Hospital São Paulo, coordenador do Sintunifesp, que fez um apelo aos presentes por maior cuidado e solidariedade com os técnicos que estão todos mobilizados dentro do hospital, na linha de frente do combate ao Covid-19. Especialmente os técnicos de enfermagem encontram-se em situação precária de trabalho, sem equipamentos de proteção adequados adoecendo diariamente. O apelo é por imediata destinação de verbas para compra de EPI, pela ampliação de quadros para diminuir a sobrecarga dos profissionais, pelo afastamento dos profissionais com mais de 60 anos, a retomada imediata do trabalho do SESMT para atendimento dos trabalhadores, pelo direito de alojamento durante a pandemia.

Os demais representantes das entidades apresentaram sua pautas e avaliações da crise, APG destacou os cortes de bolsa da CAPES e o impacto na vida dos pós-graduandos, a Aremulti informou que os residentes sofrem diretamente em seu cotidiano com a precarização do trabalho e da estrutura do SUS. O DCE ressaltou a importância da manutenção das políticas de permanência estudantil mesmo com a suspensão do calendário.

A plenária foi encerrada reforçando a urgência da retirada de Bolsonaro para a continuidade da luta e superação da crise sanitária, econômica e política. A necessidade de uma campanha imediata por melhores condições de trabalho para os profissionais da saúde, especialmente os técnicos do HSP. E a continuidade da batalha em defesa do SUS e da Universidade pública, com suspensão imediata do teto de gastos EC95 e ampliação de investimentos de toda ordem possível.

Adunifesp-SSind