O 61º Conselho Nacional das Associações de Docentes foi realizado entre 30 de junho e 3 de julho na cidade de Boa Vista (RR). O Conad tem como finalidade implementar e regulamentar as determinações do Congresso Nacional do Andes-Sindicato Nacional, atualizar o Congresso, de acordo com as conjunturas, em suas realizações, bem como servir de conselho fiscal do Andes-SN. Os seus trabalhos consistem nas reuniões de grupos mistos formados por delegados (direito a voz e voto) e observadores (direito a voz) que debatem textos-base enviados anteriormente, com a deliberação de resoluções submetidas às plenárias temáticas. Os temas foram os seguintes:
I – Movimento docente e conjuntura: avaliação da atuação do Andes-SN frente às ações estabelecidas no 35º Congresso
II – Avaliação e atualização dos planos de lutas: educação, direitos e organização dos trabalhadores
III – Avaliação e atualização do plano de lutas: setores
IV – Questões organizativas e financeiras.
Os temas II, III e IV transcorreram de forma absolutamente tranquila, sendo que muitos sequer foram levados à plenária por haver convergência entre as deliberações dos grupos. Quando muito, foram levados à plenária por questões formais, devido ao consenso construído em torno de suas pautas na defesa da universidade pública, do serviço público, dos direitos etnorraciais, de gênero e de diversidade sexual. Estas são pautas importantes encampadas pelo nosso sindicato nacional e que contaram com apoio integral dos delegados.
No tema IV ficou evidente a forma eficiente e bem gerida das finanças, sendo que em 2015 o Andes-SN fechou com saldo positivo no período de greve de 2015. Por outro lado, foi levantada a questão das dificuldades das seções sindicais, especialmente com os frequentes descredenciamentos de cobrança consignada no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. A diretoria reforçou que os recredenciamentos são anuais e as excepcionalidades costumam ser enviadas por circular. Devido ao alto número de problemas das seções sindicais, é notório que há um problema de comunicação com essas circulares, porém não foi debatido no 61º Conad com a recomendação de que cada seção verifique sua situação para que o Andes-SN faça nos próximos meses um levantamento, possivelmente com a distribuição de uma cartilha para auxiliar gestão das finanças.
Com base nos relatos de seu delegado enviado a Roraima e de colegas de outras IES, a diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo manifesta sua preocupação com os debates relativos ao tema I. Ao fundamentar suas análises de conjuntura em uma predisposição a se antagonizar aprioristicamente aos governos Lula e Dilma, nem que para isso seja necessário distorcer as próprias avaliações, a direção do ANDES fez com que se relativizasse a existência hoje de um processo de golpe no Brasil. A defesa intransigente da posição de que não há um golpe em curso, tomando as análises dissonantes como “petismo organizado”, de uma forma que com frequência chegou ao desrespeito pessoal tipificando posições dissonantes como um inimigo comum, fez com que o 61º Conad rejeitasse a proposta feita pela Associação dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia (18 votos a 12, com seis abstenções), que propunha declarar nosso sindicato nacional contrário ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Na prática, por omissão, a postura defendida pela diretoria do Andes-SN é um apoio à afirmação de Michel Temer na presidência para, depois de consumado o golpe por completo, conduzir a política do “Fora Todos” que orienta a CSP-Conlutas, sem apresentar uma perspectiva concreta de luta para os docentes de todo o Brasil. O apoio por omissão ao processo de impeachment implica, além de endossar um golpe de estado, apoiar a consolidação de um governo contrário à existência de uma universidade pública autônoma e plural, o qual está articulando ataques capitais ao funcionalismo e constantemente se coloca em carga contra os direitos que o próprio Andes-SN propõe
defender em suas pautas.
A consequência imediata e concreta é a ausência do Andes-SN no apoio às ADs (suas
eções sindicais) que estão engajadas na defesa da universidade pública e contra o golpe que ora se desenrola. A Adunifesp conclama, assim, que o Andes-SN auxilie nesta luta que não é de uma ou outra direção, mas de toda a categoria docente.