Jornal A Tribuna publica informações falsas sobre participação de docentes na ocupação da Unifesp – Campus Baixada

Diante das informações inverídicas publicadas no dia 16/11, na matéria “MBL protesta contra ocupação de escola”, escrita pelo jornalista Sandro Thadeu, do jornal A Tribuna, de Santos, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo – Seção Sindical do Andes – vem a público esclarecer a sociedade sobre a natureza e participação dos docentes Universidade Federal de São Paulo na ocupação promovida pelos alunos da Unidade Silva Jardim (Campus Baixada).

O movimento de ocupação contra os ataques à educação pública seguiu o rito político democrático de discussão e votação em assembleia estudantil, no dia 03 de novembro, que contava com mais de 300 discentes. Sua legitimidade é reconhecida pelos docentes do campus, localmente, e das demais unidades da Unifesp, os quais declararam apoio à ocupação em nota aprovada em assembleia geral dos docentes realizada no dia 07 de novembro.

Sendo assim, a Adunifesp-Ssind considera que qualquer movimento de permanência ou desocupação deve ser proposto e aprovado pelos estudantes, debatido entre eles e votado pela maioria. A decisão autônoma dos estudantes é por nós respeitada, bem como todo processo democrático, algo tão vilipendiado no Brasil neste ano de 2016. Levantar a bandeira da desocupação de maneira externa, como feita pelo MBL, sem sequer a presença de estudantes da Unifesp, é um ato ilegítimo, de desrespeito e violência ao processo político democrático em andamento. É uma abominação ética, porque é violento, e uma abominação política, porque é fascista.

Ao publicar a referida reportagem, o jornal a Tribuna incorreu em dois ataques a uma comunicação plural, precisa, honesta e democrática:

1) Com essa matéria, serviu de instrumento de divulgação de um grupo que vem se constituindo como milícia fascista contra as ocupações em todo o Brasil. O jornal, que se propõe imparcial, toma posição política clara favorável a atos agressivos contra os estudantes, a universidade, os direitos individuais e a democracia. Se essa é a posição do jornal, que a tome declaradamente, de forma autêntica para que seus leitores, e a sociedade em geral, saibam quem está contando a história das ocupações a partir da versão deturpada do MBL, sua perspectiva e seus interesses, confessáveis ou não, se trata de um veículo de jornalismo ou publicismo.

2) A peça com formato de matéria afirma: “Recebemos relatos de pessoas que se sentem perseguidas constantemente na universidade por pensarem diferente da maioria dos alunos e professores. No dia da ocupação, alguns docentes que apoiavam a ocupação disseram que eles seriam expulsos de lá”. Como uma forma condenável de jornalismo denunciativo, apresenta a informação sem fonte e busca criminalizar o movimento docente organizado que, pelo princípio político e estatutário da solidariedade, apoia a decisão autônoma dos alunos. Se o repórter realizasse o mais elementar do trabalho jornalístico, que é apurar a informação, saberia que as ameaças são justamente no sentido contrário, são para criminalizar os alunos da ocupação e perseguir os docentes que defendem a legitimidade da prática política e a apoiam com participação nas atividades organizadas pelos alunos, a convite dos ocupantes, no interior da Unidade Silva Jardim.

A Adunifesp-Ssind, após consulta à sua assembleia geral, colocou-se à disposição dos alunos para auxílio no que estiver ao alcance da entidade. O nosso estatuto, aprovado em 2006, estabelece que somos uma entidade com objetivos de defesas de direitos, articulação e apoio mútuo com a comunidade acadêmica (docentes, técnicos administrativos e estudantes) e que respeita a autonomia de cada segmento. Consideramos os estudantes pessoas dotadas de capacidade cognitiva e intelectual suficientes para tomarem as próprias decisões, chegarem a conclusões pelas próprias faculdades mentais e que nossa tarefa é auxiliar na autonomia do indivíduo. Os movimentos contrários às ocupações demonstraram até o momento não saber interpretar os jovens com outra régua que não a própria, de quem só age se for coagido por uma força superior.

É na garantia dos direitos e dos processos democráticos, de docentes, técnicos e alunos, que a Adunifesp-Ssind está e continuará atuando, a despeito de delírios publicistas travestidos de jornalismo que servem, ao fim e ao cabo, de assessoria de imprensa de movimentos de restrição dos direitos e garantias que a sociedade brasileira conquistou as custas de lutas e vidas contra regimes ditatoriais que não queremos retornando à nossa realidade.

Adunifesp-SSind