Instituto do Mar gera polêmica em Santos

O projeto de desmembramento do Campus da Baixada Santista da Unifesp, apresentado no ano passado pelo Senador Aloizio Mercadante, além de mobilizar a comunidade contrariamente à proposta, retomou o debate sobre a expansão da universidade e a criação do chamado Instituto de Ciências do Mar e do Meio Ambiente (ICMMA). Ligado à universidade, este órgão, ainda como um embrião, já gera muita polêmica. Com o intuito de debater o tema, a Adunifesp organizou no final de 2009 uma mesa com o Reitor Walter Albertoni, o Diretor do Campus, Nildo Batista, e o coordenador do ICMMA, Professor Samuel Goihman. A mediação ficou por conta da presidente da Associação, Maria José Fernandes.

Em sua exposição, o Professor Nildo Batista falou sobre o atual momento do campus e sua relação com o ICMMA. Segundo o diretor, o instituto seria uma importante ponte de integração com as demandas da região. O ponto fraco ainda seria a falta de infra-estrutura do campus. Mesmo assim, o professor se mostrou otimista. “Temos iniciativas sociais de grande relação com o município e um grande potencial para pesquisa e extensão”, afirmou.

Já Samuel Goihman explicou a estrutura do ICMMA. Além de cursos de engenharia portuária, ambiental, da pesca e oceanografia, o projeto prevê a construção de um grande centro de pesquisas que contemple as demandas econômicas e sociais da região, em particular a exploração do petróleo do Pré-Sal e o desenvolvimento da indústria naval e do Porto de Santos. O órgão teria autonomia para captar recursos privados e de empresas como a Petrobras, e não apenas das instituições públicas de fomento à pesquisa. O ICMMA deve funcionar em um prédio cedido pelo governo de São Paulo.

Durante o debate, um grupo de estudantes criticou duramente o ICMMA. Uma estudante denunciou a lógica do instituto de trabalhar apenas para os grandes interesses econômicos. “Como fica a população da região? E o tripé ensino, pesquisa e extensão?”, afirmou. Eles também criticaram duramente as condições precárias do campus da baixada, particularmente a falta de política de permanência estudantil e de infra-estrutura adequada. “Apesar de todos os graves problemas, o Instituto do Mar está sendo enfiado ‘goela abaixo’ da comunidade. Quando vamos discutir o fato de Petróleo e Porto serem mais rentáveis que políticas de saúde”, afirmou outra aluna.

Samuel Goihman rebateu as críticas ao instituto, dizendo que o projeto já foi discutido. “Apenas foi interrompido, então agora precisa ser retomado”. Ele afirmou que o órgão não irá funcionar paralelamente à universidade, fato também negado categoricamente pelo Reitor Albertoni. “Não faremos nenhuma improvisação”, afirmou, sobre a continuidade da expansão da universidade. A Presidente da Adunifesp, Maria José Fernandes, alertou para o fato de que o futuro do ICMMA depende da Reforma do Estatuto da universidade, que deliberará sobre como se dará a autonomia de cada campus e a formação das unidades acadêmicas. “O instituto não é um órgão que esteja fora da Unifesp, ao contrário, deve obedecer às suas instâncias e aos interesses da universidade pública”, disse.