Antes de qualquer coisa, é preciso deixar bem claro e afirmar em alto e bom som o nosso compromisso com a expansão da educação superior pública. Não pretendemos aqui prejudicar o atual processo, mas sim, chamar a atenção para seus mitos e problemas, reivindicando mais participação, qualidade e financiamento público. Queremos infraestrutura adequada, gestão democrática, condições educacionais e de trabalho, políticas de permanência estudantil e um projeto consistente para a pesquisa e a extensão.
A defesa da Universidade Pública é bandeira histórica do Conselho de Entidades. Quando as Instituições Federais sofreram os ataques da década de 90, organizamos a resistência e ajudamos a impedir – mesmo que parcialmente – o processo de privatização e sucateamento. A política de abandono do Governo FHC causou muitos prejuízos, mas acabou derrotada. Não fosse a luta da sociedade, particularmente dos servidores, docentes e estudantes, talvez não tivéssemos hoje ensino superior público e gratuito no Brasil.
O início do mandato do Presidente Lula, em 2003, marcou um novo momento para as universidades federais. Se por um lado o financiamento voltou a um patamar mínimo, a ingerência do Estado nas instituições e ataques ao princípio da autonomia universitária são preocupantes. Através de muita pressão política e do uso da “torneira” dos recursos públicos, o governo tem conseguido impor seu projeto às universidades sem o mínimo de debate e responsabilidade com o futuro.
Preocupado em fazer política com a universidade pública, o governo Lula vem priorizando a expansão de vagas no ensino e relegando pesquisa e extensão ao segundo plano. O processo vem sendo implementado sem os devidos cuidados e com um financiamento insuficiente, o que tem gerado impactos negativos em muitas instituições. Além disso, interesses no mínimo duvidosos – como de políticos em véspera de eleição – têm interferido no ritmo e na direção do processo. Inserida neste contexto, a Unifesp seguiu o mesmo receituário: falta de recursos, problemas de gestão, infraestrutura inadequada e permanência estudantil deficiente.
Desde 2004, foram abertos Campi na Baixada Santista, Diadema, Guarulhos e São José dos Campos. Além disso, a previsão para Osasco é 2011 e já se articula novas unidades universitárias nas Zonas Leste e Sul de São Paulo e em Embu. Durante a produção deste Jornal visitamos os atuais Campi e coletamos depoimentos de representantes de todas as categorias para dar voz à comunidade e suas reivindicações. Esperamos que este instrumento mobilize estudantes, técnicos e professores a reivindicar uma mudança de rumos no atual processo, lutando por uma expansão com democracia, participação, financiamento e qualidade!