Nós estudantes, professores (as) e trabalhadores (as) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) alertamos que sem mais verbas públicas a universidade vai parar e a população perder mais um serviço público gratuito e de qualidade.
Vivemos uma grave crise em nosso cotidiano com a universidade recebendo um orçamento reduzido na ordem de 30% nos últimos três anos, completamente insuficiente para atender as demandas mínimas das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Os estudantes da Unifesp, formados – segundo estudo socioeconômico da própria instituição –, por parcela significativa declarada como parda e preta, e com ensino básico na escola pública, tiveram suas bolsas e auxílios como alimentação e moradia reduzidos. A universidade pública e gratuita, como a Unifesp, ainda uma oportunidade de acesso ao ensino superior a maioria da população, não garante mais as mesmas condições de permanência.
Os docentes da Unifesp sofreram um duro golpe neste ano com o corte de verbas para pesquisa anunciados pelas instituições públicas de fomento, auxiliares do Ministério da Educação, como CAPES e CNPQ. A produção de conhecimento científico e tecnológico também deixa de ter condições para sua ampliação e sequer sua manutenção. Os demais trabalhadores da universidade como os técnicos administrativos em educação também assistem suas condições de trabalho se deteriorarem pelos cortes, com jornadas de trabalho estendidas e atendendo em proporção desigual os estudantes.
Os docentes e técnicos, enquanto servidores públicos, assistem a outra ameaça no horizonte, como se não bastassem as severas consequências dos cortes em seu cotidiano, um pacote de medidas apresentada pelo governo ao Congresso com efetiva retirada de direitos conquistados pela categoria, entre elas o congelamento de reajustes previstos para 2018; diminuição do valor do salário mínimo; estabelecimento de teto salarial; aumento da contribuição previdenciária (que prática representa redução salarial de 3%), fim da estabilidade e alteração depreciativa no plano de carreira.
Não podemos esquecer a situação precária de nosso Hospital São Paulo, parcialmente fechado, com funcionários sendo demitidos e outros sobrecarregados, sem enquadramento e repasse de verbas como Hospital Universitário, prejudicando não só o atendimento à população mas também sua função formadora de novos profissionais da área da saúde.
As medidas do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde afetam não só o cotidiano da comunidade universitária da Unifesp mas toda a população que passa a ter dificuldades de acesso a educação e saúde pública e gratuita, um verdadeiro desmonte do serviço público. E o horizonte é ainda pior, pois com a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos nas áreas sociais por 20 anos, os efeitos que já enxergamos e sentimos hoje serão acumulativos e progressivos.
É preciso ter a consciência de que essas medidas fazem parte de um desmonte social mais amplo, de uma política econômica que visa ampliar a desigualdade social atendendo exclusivamente os interesses financeiros de uma parcela mínima da população.
Diante dessa conjuntura temos sim que defender nossa universidade e a educação pública, nosso hospital e a saúde pública, mas comprometidos com a luta pela construção de um novo programa de governo que ao invés de ampliar as desigualdades sociais pelo desmonte dos serviços públicos crie condições para sua diminuição e superação justamente pela ampliação dos investimentos nas áreas sociais como saúde e educação.
Nesse sentido as entidades representantes das categorias da Unifesp – Associação dos Docentes (Adunifesp-SSind), Associação dos Pós-graduandos (APG), Comitê de Reconstrução do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Sindicato dos Trabalhadores (Sintunifesp) – convida toda a população a participar ativamente da luta em defesa da Unifesp e do Hospital São Paulo, iniciando assim a construção coletiva de uma sociedade menos desigual.
Em âmbito local saudamos a iniciativa de reconstrução do Diretório Central dos Estudantes da Unifesp apoiando as atividades de mobilização da categoria no dia 22 de setembro a partir das 14h no campus São Paulo em defesa da universidade e pelas verbas de auxílio estudantil. E também a iniciativa do Fórum Popular de Saúde apoiando a atividade no dia 21/09 também no campus São Paulo a a partir das 19h no Anfiteatro Álvaro Guimarães Filho, reunião que reunirá os Hospitais Universitários de São Paulo para debater o contexto de crise e formas de mobilização.
Em âmbito nacional apoiamos o calendário nacional de lutas proposto pelas centrais sindicais, com audiências e aulas públicas em defesa do funcionalismo público durante os dias 02 e 13 de outubro; atividades de mobilização e panfletagem entre os dias 16 e 20 de outubro e paralisações das categorias com ato público unificado do funcionalismo em frente ao escritório da Presidência da República na Av. Paulista no dia 27 de outubro de 2017.
Entidades da Unifesp reunidas em Plenária Comunitária em 14 de setembro de 2017
Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp-SSind)
Associação dos Pós-graduandos da Unifesp (APG)
Comitê de Reconstrução do Diretório Central dos Estudantes da Unifesp (DCE)
Sindicato dos Trabalhadores da Unifesp (Sintunifesp)