A partir de debates em reuniões plenárias e Assembleia Geral sobre o futuro da nossa universidade, colocado em pauta nesse momento por ocasião das eleições de representantes nos conselhos superiores, a Associação dos Docentes da Unifesp pede à nossa comunidade intensa participação e promoção do salutar debate político no sentido de avançar, a partir desse sufrágio, na construção de uma universidade pública, democrática, inclusiva e multicampi.
Como é notório, nosso País vive uma árdua luta para manutenção tanto da democracia quanto de direitos que acreditávamos afirmados na Constituição de 1988, já deformada desde 2016 para atender interesses nada republicanos. E, obviamente, a Unifesp não estaria blindada desse ambiente nacional. Nos últimos anos conseguimos evitar um golpe na democracia interna e travamos a batalha para que as instâncias formais e normativas sejam respeitadas pela Presidência da República. Também temos nos empenhado na pesquisa e assistência para superar a pandemia de Covid-19, nadando contra a corrente dos esforços negacionistas e particularistas do governo federal e seus agentes em todos os níveis e escalões da administração federal.
É essencial que a nossa comunidade, ao escolher seus representantes pondere e atente para as candidaturas apresentadas. Sendo assim, os resultados dos debates promovidos pela Adunifesp não apontam especificamente a nomes, indicam linhas gerais do que a base docente empenhada na reflexão dos rumos de nossa instituição considera serem essenciais para a decisão do voto nas eleições dos conselhos superiores.
1) Compromisso claro e inequívoco de candidatos com a democracia universitária, tendo como bússola o respeito aos direitos de estudantes e servidores conquistados e afirmados em lei, bem como ao resultado da consulta para eleição da Reitoria, promovida ano passado pelo Conselho de Entidades (do qual a Adunifesp é integrante). A prática é o critério da verdade e por isso pedimos: nenhum voto a golpistas!
2) O caráter programático da candidatura, não apenas em cima da personalidade do candidato.
3) Que este programa seja fundamentado na defesa da universidade pública, do serviço público, do SUS e da Ciência. A Unifesp não pode ter espaço para negacionistas.
4) Compromisso com políticas inclusivas, como a permanência estudantil, cotas raciais e sociais, bem como políticas de afirmação de direitos de igualdade de raça, etnia e gênero.
5) Defesa dos direitos, carreiras, emprego e renda de todos os servidores, docentes, TAEs e terceirizados, contra a criação de castas internas de servidores e docentes com carreiras de possibilidades e prestígios distintos, como as propostas de separação entre a pesquisa e o ensino.
6) Práticas republicanas na gestão pública, o que implica: a defesa e a busca de recursos públicos para manter a universidade pública; trato ético e transparente na execução orçamentária e nas relações com o setor privado; atuação para fortalecer a autonomia universitária; não se valer de discursos falseados para disfarçar programas de defesa de interesses particulares (individuais, grupais ou de organizações externas à Unifesp, mesmo se constituídas por membros da comunidade).
7) Inequívoco compromisso com a luta, em todas as esferas possíveis, pela revogação da Emenda Constitucional 95 (Emenda do Teto) e contra a reforma administrativa (PEC 32), a qual, na prática, é o fim dos serviços públicos.
Dessa forma, acreditamos que, independente de quem sejam as pessoas a integrar nossos conselhos superiores, estaremos num caminho virtuoso para construção da Unifesp que todos queremos: pública, gratuita, de qualidade e relevante para a construção de um país justo, soberano, que combata a miséria e as nossas profundas desigualdades.
São Paulo, 12 de novembro de 2021
Diretoria da Adunifesp