O complexo momento vivido pelo campus da Unifesp de Guarulhos vem gerando episódios difíceis para a Unifesp. Só nessa semana, a Adunifesp divulgou duas cartas insistindo no diálogo efetivo entre todas as partes (estudantes, servidores técnico-administrativos, docentes e administração) criticando atitudes arbitrárias em nossa Instituição.
O primeiro documento é uma crítica à Reitoria da Unifesp, que sabendo do ato dos estudantes de todos os campi da Instituição, na última sexta-feira (20), esvaziou o seu prédio e chamou a tropa de choque para supostamente “conter” os manifestantes. Após momentos de tensão e muita negociação, que contou com a participação da Adunifesp, o episódio terminou sem nenhum complicador maior e com o recebimento do documento dos discentes pelo Reitor Walter Albertoni.
A Adunifesp recebeu também uma solicitação de manifestação sobre um episódio no qual uma docente foi intimidada e ofendida por um grupo de estudantes em greve do campus de Guarulhos. Em uma carta de resposta, a diretoria da entidade contestou da mesma forma tal atitude arbitrária e se solidarizou com a docente. Episódios como este precisam cessar imediatamente e são inadmissíveis em uma universidade pública. Confira abaixo a íntegra das cartas elaboradas pela Diretoria da Unifesp.
Carta aberta sobre os acontecimentos da manifestação dos estudantes da Unifesp em 20 de abril de 2012
Dirigimo-nos à V. Magnificência, reitor Walter Albertoni, aos pró-reitores, aos integrantes do Conselho Universitário e às direções dos campi, para manifestar nossa extrema preocupação em relação às ocorrências relacionadas à manifestação realizada em frente à reitoria por estudantes de toda a universidade em 20 de abril de 2012.
Posicionamo-nos firmemente contra a judicialização de conflitos e o tratamento por via policial de manifestações cujo direito é assegurado constitucionalmente.
Como afirmamos em reunião mantida na mesma data da manifestação com V. Magnificência, reitor Walter Albertoni, o objetivo dos estudantes, confirmando nossa avaliação, não era de invasão ou ocupação do prédio da Reitoria. A presença da Tropa de Choque durante o transcorrer da manifestação colocou em risco a integridade dos manifestantes em vários momentos. A permanência da Adunifesp no local permitiu entrever que poderiam ter acontecido fatos de grande gravidade, que devem ser evitados e prevenidos.
Nossa expectativa é que haja negociação e diálogo. Os estudantes trazem reivindicações justas quando defendem que a Unifesp tenha instalações físicas adequadas, recursos materiais e financeiros e um quadro de pessoal compatíveis com os objetivos e o papel social de uma instituição pública de ensino superior.
É imperativo que todos os segmentos de nossa universidade defendam, em uníssono, junto aos Ministérios da Educação e do Planejamento, Orçamento e Gestão, que sejam construídos prédios próprios nos campi que ainda estão instalados em edificações cedidas ou emprestadas por outros órgãos públicos e que haja recursos suficientes para o custeio das atividades.
Como cumprir a meta de internacionalização de nossa universidade, se as condições básicas não estão garantidas em cada campi? Não seriam legítimas as reivindicações por moradia estudantil, restaurantes universitários, instalações adequadas para bibliotecas, o uso de recursos de informática, entre outros requisitos?
Se a Unifesp encontra-se em fase de planejamento para os seus próximos dez anos, é fundamental que as demandas do presente sejam reconhecidas e atendidas.
É urgente, portanto, construir a unidade das forças sociais presentes na universidade para atingir os objetivos propostos, unidade que só pode ser obtida se houver diálogo efetivo.
Diretoria da Adunifesp-SSind.
Carta sobre episódio de intimidação e ofensas de um grupo de estudantes a uma docente do campus da Unifesp de Guarulhos
Da mesma forma e nos mesmos termos com que nos posicionamos em carta aberta dirigida ao Magnífico Reitor, professor Walter Albertoni, aos pró-reitores e às direções dos campi, contra a judicialização e o tratamento por via policial de manifestações asseguradas pela nossa Constituição, também nos colocamos contra qualquer forma de violência, seja de estudantes, de professores, de técnicos, e particularmente nesse momento de tensão e mobilização da comunidade acadêmica, que defende e reivindica condições dignas de trabalho, educação e permanência estudantil.
Assim, nos solidarizamos à docente do campus de Guarulhos que sofreu intimidações e ofensas por parte de um grupo de estudantes, e consideramos inadmissível que tais atitudes arbitrárias voltem a acontecer. Ações violentas ou de molestamento de uma pessoa sobre outra devem ser rigorosamente contestadas, da mesma forma que contestamos a ação violenta das forças policiais e de segurança contra os estudantes, sobretudo por estarmos em um ambiente educacional e formando profissionais que terão o diálogo e as relações humanas como ferramenta principal de trabalho. As manifestações por melhorias das condições do campus Guarulhos são de interesse e responsabilidade de toda a comunidade acadêmica e não devem, de forma alguma, ultrapassar os limites do respeito, do decoro e da convivência plural e democrática.
Nossa posição em relação aos acontecimentos em Guarulhos expressa-se em termos idênticos utilizados na carta acima mencionada: é preciso buscar o diálogo como instrumento que pode evitar e prevenir situações as quais, se sobrevindas, além de profundamente lamentáveis, esgarçariam nossa unidade. A Adunifesp faz um apelo a todos para que se busquem intermediações e se encontrem caminhos que possam garantir esforços unitários – de professores, técnicos e estudantes, em todos os cargos que ocupem – em prol da conquista de condições e requisitos necessários para sustentar uma universidade pública que pretende cumprir um relevante papel social.
Diretoria da Adunifesp-SSind.