A Adunifesp convoca plenária dos docentes da Unifesp para discutir a decisão da retomada das aulas pelo CONSU e as lutas em curso. Próxima terça-feira, dia 09/06 às 14h, acesse o link: https://meet.google.com/gmg-yutm-oky
A Adunifesp é contra a pressão feita pelo MEC e pelos defensores da privatização e da precarização da Ciência e da Educação para forçar a retomada do semestre letivo da graduação a toque de caixa e a todo o custo, em meio ao pico da pandemia da Covid-19. A ameaça de cortes orçamentários às Instituições Federais que não retomarem as aulas da graduação é mais uma afronta à autonomia universitária.
Tal pressão, que procura impor a substituição indiscriminada e atropelada de todas as aulas presenciais por atividades domiciliares objetiva, de fato, instrumentalizar o drama da pandemia para perpetuar a secundarização das aulas presenciais mesmo depois de suspensa a quarentena. Trata-se de política declarada por dirigentes do MEC de reduzir custos com pessoal através de um arremedo de ensino à distância – como já vem sendo usado pelas instituições privadas/caça-níqueis da vida. Tal pressão força a fragilização permanente do ensino universitário e da carreira do professor, facilitando, inclusive a redução do corpo docente, a elevação da jornada e o achatamento de salários, benefícios e condições de trabalho acadêmico.
Sabemos que o Ensino à Distância (EaD) e as tecnologias a ele conexas podem sim ser – quando executados com seriedade – um poderoso e salutar instrumento de apoio complementar à atividade docente. Entretanto, sua utilização na substituição de aulas presenciais permanentemente e de maneira ordinária deve ser rejeitada e denunciada como um ataque à Universidade Pública, seu ensino de qualidade e sua docência.
Não estamos, contudo, numa situação ordinária; vivemos uma excepcionalidade; estamos impedidos de ministrar presencialmente nossas aulas por um longo período, cuja a extensão é ainda desconhecida. Temos consciência que a universidade pública precisa continuar recebendo e formando os jovens no nível da graduação. E isso não pode se manter completamente paralisado por um, dois ou até mais semestres. Entendemos também que a retomada parcial ou completa das aulas nas atuais circunstâncias só pode se dar por intermédio de meios não-presenciais os quais, admitimos portanto, terão de ser de alguma forma adotados emergencial e (insistimos, apenas) excepcionalmente.
Compreendemos que dentre os colegas docentes da Unifesp, há posições diferentes sobre como enfrentar essa difícil situação. Alguns dentre nós estão mais propensos a reiniciar mais imediata e amplamente o semestre por meio não-presencial. Outros estão mais reticentes e preocupados com a precarização que tal meio possa implicar. Compreendemos também que houve na comunidade universitária e nos órgão colegiados um esforço para construção de propostas e de consensos.
Neste contexto, o Conselho Universitário votou por maioria (77%) pelo reinício do semestre letivo a partir do dia 6 julho ou 3 de agosto (cada Congregação podendo optar por uma das duas datas) através da substituição das aulas presenciais por atividades remotas e domiciliares no mínimo 75%.
Como sindicato representativo da categoria docente, a Adunifesp levanta a preocupação de que tal decisão não seja encaminhada de maneira a prejudicar tanto o ensino da graduação quanto a equidade junto ao corpo discente. Preocupação para que, sobretudo, o encaminhamento de tal decisão não leve à debilitação da atividade dos professores de maneira a expô-los a situações de ainda estresse e de esgotamento físico e psicológico – já presentes devido à reclusão forçada, à tensão do trabalho domiciliar, aos relacionamentos familiares e ao próprio medo da doença pandêmica.
Para evitar isso, reiteramos o apelo que temos feito desde março último. Para permitir que atividades não-presenciais sejam decentemente realizadas, o MEC e – por conseguinte – a Universidade devem prover as condições de treinamento técnico e pedagógico dos docentes, com viabilização de equipamentos e aplicativos apropriados às atividades online e em EaD (e isso, lembramos, ainda não foi assegurado). Deve também garantir aos alunos – sobretudo os mais carentes – condições de equidade para acesso à internet, equipamentos, ambiente de estudo etc.
Reivindicamos assim que a Universidade garanta, como condição à retomada do calendário letivo:
1) Ampliação das atividades de treinamento técnico e pedagógico dos docentes para atividade em EaD.
2) A conclusão do mapeamento das condições de infraestrutura física e familiar, para viabilização das atividades não presenciais por parte de docentes e estudantes.
3) Compensação aos docentes, através de benefícios e complementos salariais, pelos custos extraordinários que terão de arcar individual e pessoalmente para preparar e desenvolver as aulas e atividades domiciliares: compra de equipamentos em casa (computadores mais modernos, modem etc), gastos com internet, softwares, aplicativos, água, internet, telefonia etc.
Ao mesmo tempo, fazemos um apelo aos órgãos colegiados que encaminharão a decisão do Consu para:
- garantirem um calendário de retomada com tempo prévio largo o suficiente à adequação e planejamento, considerando as dificuldades de muitos docentes – já assoberbados com inúmeras outras tarefas acadêmicas realizadas em “home office” – e alunos.
- oferecerem um número mais reduzido de UCs no semestre de maneira a não sobrecarregar alunos e professores e a não prejudicar a qualidade e o conteúdo pedagógico;
- condicionarem o número de UCs a serem ofertadas à garantia de condições plenas a todos os estudantes de acesso às tecnologias e às condições (familiares, local de estudo, tempo de dedicação etc) que garantam efetivo aproveitamento do material pedagógico.
- Garantirem as condições de trabalho seguro para os todos os TAEs.
Para discutir estas questões e o encaminhamento de nossas lutas, chamamos todas e todos colegas docentes para participarem da Plenária da Adunifesp nesta 3a feira (09/06), às 14h nesse link: meet.google.com/gmg-yutm-oky