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Editorial

Resistir, mas também avançar numa agenda progressista para a educação

Fabio Venturini
Presidente da Adunifesp

Várias pastas, antes autônomas, tornaram-se puxadinhos do Ministério da Economia. Paulo Guedes tem amplos poderes para promover cortes e restrições orçamentárias de modo a destruir estruturas públicas e obrigar a população a procurar as redes privadas, trocando direitos sociais por serviços pagos. O caso mais nítido, mesmo durante a crise sanitária da pandemia de Covid-19, é o Ministério da Saúde, com ataques sistemáticos ao SUS, processo que se iniciou com a atuação de Luís Henrique Mandetta, da nomeação até o início da crise, a breve tentativa de retomada por Nelson Teich, homem dos planos de Saúde, e, por conta da pandemia, a inutilidade racional de um general nomeado para cumprir ordens absurdas do presidente.

O Ministério da Educação, transformado em outro puxadinho da Economia, sofre ainda mais. Bolsonaro o usa como importante instrumento de cristalização de sua base de apoio radicalizada na casa de 30% da população. Os discursos de mudanças profundas na educação é pilar do discurso do combate a inimigos imaginários que aglutina a psicopatia e perversidade coletiva. Por isso o ministro ideal precisa ser um bufão que distraia a opinião pública com um discurso idiótico. Abraham Weintraub foi marcante no bolsonarismo porque ficou mais tempo. Porém, seja o visto com seu antecessor ou em seus quase sucessores, a preferência do presidente é manter linha semelhante para manter a força de sua base fanática no consórcio neoliberalismo-neofascismo.

Os fiadores financistas do governo, entusiastas apoiadores de Guedes, periodicamente tentam impor ao MEC nomes tão privatistas quanto Weintraub, porém mais sofisticados e socialmente reconhecidos como “técnicos”, ligados a think thanks como a Fundação Lemann (recentemente Ilona Becskeházy foi sugerida pela Folha de S. Paulo) e o Instituto Ayrton Senna (ainda em 2018 articularam, sem sucesso, a nomeação de Mozart Ramos).

O estilo histriônico e grotesco do ex-ministro impulsionou a formação de um consenso do caráter público da educação oferecida como direito social, um grande prejuízo ideológico. Não é a toa que o MEC gera algumas das maiores tensões entre os bolsonaristas e os neoliberais limpinhos, transparecendo no congresso em posições de parlamentares formados politicamente em think thanks, como Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tábata Amaral (PDT-SP), bem como dos próprios presidentes das casas legislativas, Rodrigo Maia (DEM-RJ, Câmara) e Davi Alcolumbre (DEM-AP, Senado).

A aparência é de um MEC em impasse, de um presidente incapaz de nomear um ministro, mas a política real emana da agenda de Paulo Guedes. Seja com um ministro de picadeiro, um planilheiro profissional ou a acefalia de interino permanente, como ocorre na Saúde, a política real para o MEC é a desarticulação completa da estrutura pública de ensino, pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico (mesmo que isso implique a morte de milhares de brasileiros), criação de óbices no acesso aos direitos sociais pra impulsionar a procura pela rede privada e a destruição do funcionalismo público. O que se agrava com a pandemia, pois até mesmo a garantia da saúde de estudantes e servidores é jogada às favas com planos de retomada as aulas presenciais para engrossar o discurso de defesa de uma abertura criminosa do comércio e dos órgãos públicos, subordinando a vida à planilha, omitindo ou manipulando dados da pandemia, o que ocorre também em São Paulo. Os sindicatos de docentes já se declararam contra. Nós também não aceitaremos e não cederemos qualquer pressão.

Temos árdua tarefa de resistir, mas é necessário rompendo o cerco ideológico imposto pelo casamento do neoliberalismo com o neofascismo. O governo Bolsonaro não é um raio em céu azul, é resultado de uma aliança que, na pandemia, se mostra um consórcio da morte. Devemos aglutinar forças políticas capazes e propor e fazer-se realizar uma agenda progressista para a educação nacional, centrada na garantia dos nossos direitos na restauração da democracia.

Nesta edição do Boletim Eletrônico da Associação dos Docentes da Unifesp destacamos um compilado de artigos que sintetizam os ataques do governo federal à educação e saúde durante o mês de junho e início de julho de 2020. E as análises e respostas de profissionais diretamente responsáveis pelo desenvolvimento das pesquisas científicas e da categoria docente em seus diversos níveis de ensino. Com destaque para as cartas públicas das associações docentes do ensino superior de São Paulo com avaliações críticas à retomada das aulas.

Divulgamos novamente as propostas, avaliações e reflexões críticas sistematizadas para o retorno das aulas da graduação na Unifesp, resultado de ampla discussão em duas plenárias convocadas pela Adunifesp.

Seguimos também com uma agenda de debates ao vivo para o próximo período e a campanha de solidariedade da entidade - Fundo Solidário da Adunifesp.

Boa leitura!

Raúl Bonne Hernández, PhD
Prof. De Química Ambiental e Toxicologia Ambiental
Universidade Federal de São Paulo, Campus Diadema
Diretor de Comunicação da Adunifesp

Ações do governo federal e estadual de SP desprezam a vida

BolsonaroAroeira

Conheça o mapa da covid-19 que Bolsonaro quer inutilizar omitindo dados

Por Rodrigo Gomes, da RBA

"Com os dados que Bolsonaro excluiu, o LabCidade elaborou um mapa geral dos casos de covid-19. Ferramenta é fundamental para elaboração de políticas contra a pandemia"
mapeamento
O Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro excluiu da base de dados sobre a pandemia de covid-19 todos os registros de endereço de casos e mortes causadas pelo coronavírus. Os registros estavam identificados por CEP e não permitiam a identificação das pessoas, mas a informação é importante para a identificação do espalhamento da pandemia nas cidades e bairros e a necessária elaboração de estratégias de saúde pública. A denúncia sobre a exclusão dos dados foi feita pelo LabCidade, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.

ACESSE O MAPA AQUI

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Falta de comando federal é parte do desmonte do SUS, ocupado por militares e ‘amigos’

Por Redação RBA

"Falta de diretrizes e de articulação do governo Bolsonaro com estados, responsável pelos 65 mil mortos, até agora, faz parte de um processo que já afeta estruturas do sistema de saúde"

Em um relatório sobre a governança do governo de Jair Bolsonaro sobre a pandemia, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falta de diretrizes, de coordenação e de transparência. Os auditores identificaram a indefinição de estratégias pelos comitês de crise e de coordenação de operações, que pode acarretar decisões e medidas individualizadas e descoordenadas, “levando à inefetividade das ações de combate à crise de covid-19 e desperdício de recursos humanos, materiais e financeiros, com efeitos inclusive nas diversas esferas da federação”. A ausência de profissionais de saúde nos comitês de crise e de coordenação de operações também foi constatada. Tanto que o relator, ministro Vital do Rêgo, recomendou a inclusão de representantes do Conselho Federal de Medicina, da Associação Médica Brasileira e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que representa secretários estaduais de saúde.

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Desinvestimento em laboratórios públicos dificulta ações contra a covid-19

Por Cida de Oliveira, da RBA

"Além do histórico subfinanciamento e da Emenda Constitucional (EC) 95, em julho de 2019 o Ministério da Saúde rompeu parcerias importantes"

O histórico subfinanciamento da saúde, agravado com os primeiros impactos da Emenda Constitucional (EC) 95, afeta também os laboratórios públicos brasileiros e suas ações contra a covid-19. Além de reduzir investimentos, em julho de 2019 o Ministério da Saúde rompeu Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs) com sete laboratórios públicos nacionais, suspendendo a produção de medicamentos e vacina. Na época, a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (Alfob) previu a perda anual de, pelo menos, R$ 1 bilhão para o setor. E já apontava os riscos de desabastecimento. Os efeitos do desinvestimento tornaram-se mais visíveis com a pandemia, que provocou aumento importante da demanda. Esses laboratórios têm uma combinação de técnicas inovadoras de biotecnologia para formular uma nova vacina contra a covid-19. Além disso, a Bio-Manguinhos, pro exemplo, também produz álcool gel e álcool etílico 70%, protetores faciais e máscaras cirúrgicas, manutenção de respiradores e está desenvolvendo kits de diagnóstico molecular para o novo coronavírus. Ainda assim, eles não conseguem suprir a demanda.

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Reabertura de Doria completa um mês: aumento de 155% nos casos de covid-19 e 92% nas mortes

Por Rodrigo Gomes, da RBA

"A reabertura do comércio implementada pelo governador paulista, João Doria (PSDB), completou um mês em 1º de julho de 2020. Tratada como caso de sucesso pelo governo tucano, a flexibilização da quarentena acumula retrocessos, com muitas regiões voltando a ter medidas de isolamento mais restritas"

Além disso, em junho, primeiro mês da reabertura implementada pelo governo, o estado registrou aumento de 155% nos casos de covid-19 e de 92% nas mortes em decorrência da doença. Especialistas em saúde consideram que plano favorece uma leitura otimista dos dados, além de ignorar a subnotificação de casos e se pautar na oferta de leitos como principal critério de segurança à saúde. “Houve realmente uma variação para baixo nos índices da capital. Mas os indicadores, apresentados da forma como o governo de São Paulo tem feito, forçam uma indicação de que esses números estão reduzindo. Entretanto, o processo de flexibilização, do jeito que está sendo feito, sem um conjunto de medidas protetivas em relação ao transporte coletivo, os cuidados em relação ao comércio, aos trabalhadores e aos clientes e, em particular, o fato de a gente não ter uma estabilização segura, consistente, com redução da taxa de transmissão, em toda a região metropolitana, me parece extremamente preocupante”, avaliou o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro.

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Análise de especialistas e resposta da ciência e educação aos ataques

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Para cientista, epidemia está em alta porque condução por Bolsonaro é catastrófica

Por Eduardo Maretti, da RBA

"Para Paulo Lotufo, da USP, não se pode prever quando a pandemia começará a cair no país. “Você faz uma previsão, e aí liberam tudo. Veja o Rio de Janeiro como está, um horror”

Para o epidemiologista Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, “o cenário é terrível”, porque a epidemia não está em queda. Para ele, não há razão para se flexibilizar o isolamento social no país, e tampouco para se acreditar em tratamentos da covid-19 com remédios, como a cloroquina. A única resposta que poderá ser eficaz contra a pandemia de coronavírus é uma vacina, defende.

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Professores são contra volta às aulas sem controle real da pandemia

Por Rodrigo Gomes, da RBA

"Representantes da educação de São Paulo e Rio de Janeiro rechaçam proposta de volta às aulas sem efetivo controle da pandemia e protocolos rígidos"

Professores e outros trabalhadores da educação rechaçam a proposta de volta às aulas do governador paulista, João Doria (PSDB),anunciada para 08 de setembro de 2020. Para os educadores, a política de combate à pandemia de coronavírus de Doria não inspira nenhuma confiança para a retomada das atividades escolares. “São urgentes a mobilização e a manifestação para impedir o retorno às aulas presenciais nas escolas públicas e privadas de São Paulo. Funda-se nossa posição na convicção de que a conduta do governo do estado e da esmagadora maioria das prefeituras municipais, neste momento, não inspira nenhuma confiança. Não há qualquer expectativa que eventuais medidas dirigidas a promover a volta às aulas estejam amparadas por orientações emanadas das autoridades sanitárias e validadas em conhecimento científico”, diz um grupo de lideranças sindicais, encabeçadas pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).

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UFPR cria kits que podem baixar custo de testes de covid-19 para R$ 10

Por Redação RBA

"As tecnologias são para testes rápidos de covid-19, que atualmente custam em torno de R$ 150. E são mais precisas, segundo pesquisadores da universidade"

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) desenvolveu duas tecnologias que podem baixar em cinco vezes o custo de testes rápidos para diagnóstico de covid-19. No mercado a um preço médio de R$ 150 devido aos componentes importados, torna artigo de luxo a testagem tão recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para reduzir a contaminação.Trata-se de antígenos virais sintéticos, já produzidos em escala, que em 15 minutos atestam a presença do novo coronavírus no organismo humano, que passa a produzir anticorpos para reagir à presença do vírus, de sete a dez dias após o contágio. A inovação permite redução do custo do kit de teste a cerca de R$ 10.

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Carta aberta da diretoria da ADUFABC aos Conselhos Superiores e demais órgãos colegiados da UFABC


A presente carta foi redigida pela diretoria da ADUFABC, tomando por base um longo processo de discussão e deliberação que envolveu dezenas de professores e professoras desta universidade, entre abril e junho de 2020, e resultou em um conjunto de documentos já compartilhados com a comunidade e apresentados em parte formalmente à reitoria, em reunião com a diretoria da entidade, e submetidos publicamente ao CONSEPE dentre os quais destacamos o Relatório dos GTs de cenários futuros, a nota pública “Universidade em tempos de pandemia: princípios, diretrizes e propostas para o funcionamento da universidade no próximo período” e a proposta “UFABC em tempos de pandemia”.

Acesse a carta na íntegra

Carta aberta à Reitoria e à Comunidade da Unicamp


Nesta carta aberta a Diretoria da ADUnicamp – Associação de Docentes da Universidade Estadual de Campinas – vem externar à Reitoria e à comunidade universitária como um todo sua preocupação com os termos do anunciado retorno das atividades presenciais em setembro próximo pelo Governo do Estado de São Paulo. É sabido que a Reitoria, visando preparar a Universidade para o retorno às atividades presenciais, baixou recentemente 11 Portarias por meio das quais são constituídos distintos grupos de trabalho que têm por função definir e gerenciar ações de segurança, orientação e informação da comunidade universitária durante a pandemia.

Acesse carta na íntegra

Fórum das Seis subscreve carta aberta “em defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade, mesmo em tempo de pandemia”

“Qualquer exame, mesmo que superficial, sobre o histórico das políticas públicas revela o avanço persistente de projetos tecnocráticos de negligência, de desmonte e de privatização dos bens públicos, que se acelera em meio à pandemia causada pelo coronavírus. As determinações de retomada do calendário letivo ocultam razões muito pouco educativas, evidenciadas nas alegações e justificativas oficiais e institucionais. Haja vista que não há nenhum fundamento educacional para a adoção das atividades remotas como substitutas das presenciais, trata-se mais de cumprir calendários predeterminados, mesmo que isso signifique grandes perdas do ponto de vista formativo, com o que quase todos concordam”. Esta advertência integra a “Carta aberta em defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade, mesmo em tempo de pandemia”, divulgada por entidades vinculadas à educação — entre as quais o Fórum das Seis — e também subscrita por estudantes e profissionais da área. O documento rejeita o encaminhamento majoritariamente adotado pelas instituições de ensino “quer da educação básica, quer no ensino superior”, de ensino remoto por meio da Internet, “solução [que] tem sido apresentada, via de regra, como a única possível e a mais correta”, e chama atenção para os prejuízos derivados dessa visão superficial.

Acesse carta na íntegra

Propostas da categoria docente para a retomada das aulas na graduação

"Em duas plenárias abertas da Adunifesp, realizadas online com média de 50 participantes, nos dia 9 e 16 de junho, docentes da Universidade Federal de São Paulo discutiram a decisão do Conselho Universitário de retomar as aulas da graduação com atividades remotas domiciliares. A partir delas, construiu-se coletiva e consensualmente uma pauta de reivindicações ao MEC e a ser debatida com a Reitoria da Unifesp"

Contra a política bolsonarista

A Adunifesp rejeita a pressão irresponsável e descompromissada com a vida humana do governo Bolsonaro para o retorno imediato às aulas presenciais em meio ao pico da pandemia da Covid-19. Denuncia também a ameaça do MEC, de cortes orçamentários às Instituições Federais que não retomarem as aulas, como forma de impor, a toque de caixa e sem quaisquer critérios de qualidade, mecanismos não presenciais que forcem o “andamento normal” do letivo. Além de afronta à Autonomia Universitária, tal política visa a instrumentalização oportunista da pandemia como forma de coagir a Universidade Pública a substituir permanentemente aulas presenciais por meios remotos e domiciliares de ensino. Trata-se de política declarada por dirigentes do MEC de reduzir custos com pessoal através de um arremedo de ensino à distância – como já vem sendo usado por instituições privadas/caça-níqueis. Tal pressão força a fragilização permanente do ensino universitário e da carreira do professor, facilitando, inclusive a redução do corpo docente, a elevação da jornada e o achatamento de salários, benefícios e condições de trabalho acadêmico.

A Adunifesp reconhece sim que o Ensino à Distância (EaD) e as tecnologias a ele conexas podem ser, quando executados com seriedade, um poderoso e salutar instrumento de apoio complementar à atividade docente, em processos que tenham tanto o estudante quanto professoras e professores como protagonistas no ensino e da aprendizagem. Entretanto, sua utilização improvisada na substituição de aulas presenciais permanentemente e de maneira ordinária deve ser rejeitada e denunciada como um ataque à Universidade Pública, seu ensino de qualidade e sua docência.

Para garantir que a Universidade Pública continue recebendo e formando jovens – impedidos de retomarmos atividades presenciais – teremos de retomar as aulas de maneira não presencial, conforme deliberado pelo Consu. Como sindicato representativo da categoria docente, a Adunifesp se posiciona e se propõe a contribuir no debate educacional para que tal decisão não seja encaminhada de maneira a prejudicar tanto o ensino da graduação quanto a equidade junto ao corpo discente. Preocupa-nos que, sobretudo, seu encaminhamento não leve à debilitação da atividade dos professores de maneira a expô-los a situações de estresse e de esgotamento físico e psicológico – já presentes devido à reclusão forçada, à tensão do trabalho domiciliar, aos relacionamentos familiares e ao próprio medo da doença pandêmica.

Para evitar isso, apresentamos a seguinte pauta dividida em três pontos:

1) Condições de trabalho e carreira (progressão e promoção):

a) Empréstimo ou compra de equipamentos para docentes que estão realizando investimentos pessoais para manter o funcionamento da universidade, principalmente quem tem filhos em idade escolar e precisam dividir o tempo de uso de equipamentos, banda de internet etc.;
b) Estabelecer medidas de resguardo do direito de imagem e direitos autorais dos docentes a respeito dos conteúdos trabalhados remotamente, seja em áudio, vídeo, texto ou outras linguagens.
c) Criação de um programa robusto de capacitação para uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
d) Apoio financeiro para custeio da infraestrutura de ensino em ambiente domiciliar.
e) Racionalização da rotina de trabalho para evitar sobrecarga, sobreposição de reuniões, tempo excessivo em videoconferências, estabelecimento de um intervalo mínimo entre reuniões e entre reuniões e aulas, respeito à carga horária semanal.
f) Jornada especial para docentes com dificuldades de condução de todos os trabalhos, não apenas as aulas na graduação, devido à rotina doméstica (principalmente quem tem filhos, idosos, outros dependentes, tenham responsabilidade por cuidados de filhos e parentes, sobretudo quem é solo), com estabelecimento de critérios emergenciais para acompanhamento e avaliação docentes durante o período (a portaria 818 de 31 março de 2020, aplicada momentaneamente apenas a TAES, deve ser assinada também para docentes).
g) Que a Unifesp se posicione a favor da valorização da carreira das suas cientistas mães, ao menos enquanto não for possível retomar a rede de apoio com as quais elas contam para manter suas tarefas cotidianas devido à Covid-19, de modo que as aulas contempladas pelas ADEs não sejam exigidas como atividades obrigatórias para aprovação de relatórios de estágio probatório, promoção e progressão de docentes e TAEs, bem como nos CRs das discentes. O atendimento desta reivindicação colocaria a Unifesp junto a outras universidades federais que estão na vanguarda das ações de apoio inerentes à desigualdade patriarcal de gênero na academia, conforme vem sendo relatado em publicações altamente qualificadas. De fato, as ações de valorização da carreira das mães cientistas têm sido implementadas somente nos últimos cinco anos, como resultados pontuais do clamor e empatia por grupos isolados em suas instituições e agências de fomento. Urge realizar o debate público que promova a criação de políticas de Estado e a sensibilização das diversas instâncias dos órgãos de educação, pesquisa e extensão, com a finalidade de criar ou expandir medidas de apoio às mães cientistas, especialmente para que não sejam punidas por normas de funcionamento institucionais na vigência da Covid-19 e no período subsequente a pandemia (proposta feita pelo MaternaCiência).
h) Realizar um levantamento das condições emocionais/psicológicas de docentes e criar um canal/serviço de acolhimento e assistência.
i) A unifesp deve se posicionar contra o retorno das atividades presenciais, principalmente as aulas, enquanto não houver vacina ou tratamento eficaz contra a Covid-19.

2) Questões pedagógicas

a) Garantia da autonomia docente na construção das UCs em ADE para escolher a forma, plataforma (Moodle ou ferramentas Google), distribuição da carga horária, se é síncrono e/ou assíncrono e se disponibiliza ou não a videoaula, de acordo com especificidade de cursos, departamentos e dos campi.
b) Que o docente tenha protagonismo no processo de ensino, mesmo em condição precária, realizando seu trabalho autoral. O discurso corrente de que a EAD tem o estudante como centro do processo, além de no subtexto pressupor que no ensino presencial isso não ocorre, serve como pretexto para substituição de docentes por uma combinação de algoritmos que supostamente suprimiriam a necessidade de existirem professoras e professores nas instituições de ensino como protagonistas do ensino e da aprendizagem.
c) Atribuição de conceito (cumprido e não cumprido) em vez de notas na avaliação dos semestres cursados em ADEs.
d) Realização de um esforço institucional para que se usem preferencialmente as ferramentas abertas desenvolvidas pelas próprias universidades públicas, em vez de plataformas proprietárias, introduzindo o debate sobre segurança de dados e uso dos conteúdos acadêmicos por corporações privadas. Para que o uso de uma plataforma própria seja mais interessante do que as ferramentas proprietárias, como o Google, será necessário realizar esforços para desenvolver uma plataforma própria de videoconferência, armazenamento de arquivos, e-mail institucional etc.
e) Recomendar a introdução do tema da pandemia nas UCs, sejam as obrigatórias ou em eletivas eventualmente ofertadas especificamente sobre o período atual, com abordagem interdisciplinar, estimulando os alunos a mostrarem futuramente tudo que realizaram neste momento.
f) Compreender que o ensino remoto não substitui o ensino presencial e que seu desdobramento torna-se uma alternativa (com polêmicas e contradições) frente ao cenário de crise sanitária do covid19, mas que exigirá da comunidade acadêmica um esforço em compreender o seu limite e sua temporalidade provisória que deverá ser sempre assinalada e revisada. Destacar o respeito à autonomia docente na oferta das ADEs, especialmente (mas não só) às mães-docentes; da compreensão de que o formato limita a interação e o processo construtivo educacional na direção de uma educação popular e que, portanto, acarreta prejuízos que devem ser considerados no planejamento futuro às atividades presenciais. Importante também reforçar o princípio da universalidade e a garantia de acesso da totalidade de estudantes e o não prejuízo daqueles impedidos de cursar no modo “à distância” devido suas condições sociais e de saúde. Enfatizar o caráter de provisoriedade em que se institui as ADEs e da nossa luta no acompanhamento para garantir essa condição.
h) Reconhecer formalmente, inclusive na alocação de unidades curriculares, de que os créditos oferecidos em ADE, são distintos das UCs regulares presenciais e que serão usadas para integralização nos currículos como equivalência, para que seja claro: no retorno às atividades nos campi as ADEs serão imediatamente suspensas, sem o aproveitamento dessa modalidade em substituição às aulas presenciais.
i) Garantir que cada campus tome suas decisões com flexibilização e descentralização no âmbito das escolas ou institutos de decisões relativas a calendário acadêmico, dentro do possível e em negociação com as secretarias. Não é possível tomar as mesmas medidas para todos os campi e todos os departamentos.
j) Que os docentes possam exigir dos alunos o acesso exclusivamente por meio de seus e-mails institucionais (@unifesp.br) quando se usarem as ferramentas do Google, de modo a garantir a correta identificação dos participantes e a segurança do evento remoto, evitando assim ataques virtuais como os que ocorreram recentemente em um evento na Unicamp e outro em universidades da Bahia.

3) Condições de estudo pelos estudantes:

a) Permitir que os estudantes se matriculem em apenas uma UC, possibilitando acesso aos auxílios diversos, principalmnete PAPE.
b) Flexibilização dos prazos de exclusão e trancamento.
c) Garantia de que todos estudantes tenham condições técnicas e de equipamentos, incluindo computador e internet banda larga, para o início das aulas.
d) Criação de um programa de capacitação dos estudantes para uso das TICs.
Certamente existem muitas outras demandas que surgirão no debate democrático em nossa universidade, as quais a Adunifesp levantará com a participação nos diversos colegiados, bem como no acompanhamento dos comitês de crise e combate à Covid-19. Também como indicação da plenária, tais pontos serão abordados em debates na forma de plenárias e lives sobre: EAD, riscos de precarização do ensino, ameaças à universidade pública autônoma, construindo um debate fraterno e propositivo em conjunto com as entidades representantes das estudantil (DCE), de residentes (Amerepam e Aremulti), pós-graduandos (APG) e técnicos (Sintunifesp). Juntos resistiremos aos ataques bolsonaristas e faremos a Unifesp sair da melhor forma possível da crise política, econômica e sanitária.

São Paulo, 16 de junho de 2020
Docentes reunidos em plenária remota
Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo
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Agenda - Programas Adunifesp ao vivo


23/07 - O papel do Sindicato na defesa de Políticas Públicas
06/08 - Educação, Ciência e Tecnologia - ODS 2030
20/08 - Movimentos Socias dentro das políticas Públicas
03/09 - Política de Estado: Agenda Rio 1992 - Agenda Brasil ODS 2030
17/09 - Debate Cultural sobre identidade Nacional Brasileira
01/10 - Prof. Unifesp. e Ex- Ministros de Relações internacionais Brasil na Geopolitica Internacional - ODS 2030
15/10 - Relação Público –privado na Construção de Agendas públicas estratégicas
28/10 - Funcionalismo público na articulação de agendas públicas estratégicas

Mais informações ao longo das semanas.
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Fundo Solidário da Adunifesp: entidades apoiadas e doações realizadas

Mais solidariedade, menos vulnerabilidade. Adunifesp propõe organização de um Fundo de Solidariedade para ajudar comunidades com alta vulnerabilidade sócio-econômica

A Adunifesp criou logo no início da crise sanitária um Fundo Solidário para arrecadar contribuições financeiras para a população em situação de maior vulnerabilidade através das iniciativas organizadas por movimentos sociais. Até agora o montante doado foi aproximadamente R$ 6 mil, somando contribuição da entidade e de seus associados.

Faça contribuição direta na conta da Adunifesp no Banco do Brasil*:

Ag. 1.898-8

CC 9.054-9

CNPJ: 48.588.834/0001-96

*(envie comprovante para [email protected] para identificarmos sua doação).

Objetivo: Realizar ações de solidariedade em função da crise sanitária e social instalada. Tais ações consistirão em doações financeiras e/ou doações de produtos para comunidades vulneráveis diante da atual situação. O fundo inicialmente terá aporte da Adunifesp, mas poderá contar com ajuda de outros docentes da Universidade.

Comitê do Fundo: Propõe-se a criação de Comitê que julgará as demandas de Ações Solidárias, Composto por 2 ou 3 diretores da Adunifesp e filiados representantes dos por campi Unifesp.

Funcionamento do Fundo: As propostas de Ações Solidárias serão recolhidas por um Comitê que analisará as demandas, e decidirá as iniciativas a serem apoiadas, bem como valor a ser destinado. Será realizada publicamente prestação de contas no site e mídia social da Adunifesp dos auxílios encaminhados e seus respectivos valores.

Quer fazer parte do COMITÊ FUNDO SOLIDÁRIO DA ADUNIFESP?
Envie um e-mail para [email protected] com o título do e-mail “Comitê Fundo Solidário” que retornaremos com os próximos passos.

Quer fazer uma DOAÇÃO para o FUNDO SOLIDÁRIO DA ADUNIFESP?
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Diretoria da Adunifesp
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Adunifesp - Gestão 2019-2021
Presidente: Fabio Venturini (EPPEN/Osasco); Vice-Presidenta: Valéria Petri (EPM/SP); Secretário-Geral: Alberto Handfas (EPPEN/Osasco); Primeira-Secretária: Ana Paula Santiago do Nascimento (Paulistinha/SP); Tesoureiro-Geral: Daniel Feldman (EPPEN/Osasco); Primeira-Tesoureira: Virgínia Junqueira (ISS/Baixada, temporariamente afastada); Relações Sindicais, Jurídicas e Defesa Profissional: Clélia Rejane Antonio (Cedeme/SP); Imprensa e Comunicação: Raul Bonne Hernández (ICAQF/Diadema); Política Universitária: Leonardo Carnut (Cedess/SP). Diretores Regionais nos Campi: Ana Lúcia Pereira (São Paulo); Anderson Kazuo Nakano (Zona Leste); Claudia Fegadolli (Diadema), Fabio Luís Barbosa dos Santos (Osasco); Luís Felipe Silvério Lima (Guarulhos), Renata Gonçalves (Baixada),
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