“Movimento docente sai fortalecido do 28º Congresso do ANDES-SN”

Nesta entrevista, Ciro Correia, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), avalia positivamente as deliberações do 28º Congresso da entidade, realizado em Pelotas de 10 a 16 de fevereiro. Ele destaca a luta contra o Reuni e a educação a distância, por um vencimento básico robusto e pelo fim das gratificações e das contratações precárias como os principais desafios para os docentes das universidades federais. (Por Najla Passos; Edição: Rodrigo Valente)

– Como você avalia os resultados do 28º Congresso?

– Minha avaliação é positiva. Tivemos 51 seções sindicais e 248 delegados de 24 estados. Conseguimos consolidar um Plano de Lutas que prevê uma atuação mais incisiva nas questões particulares ao movimento docente e da classe trabalhadora como um todo.

 

– Nesse contexto, o que você destacaria no Plano de Lutas específico para as IFES?

– O acompanhamento do Reuni. Esse é o principal programa do governo para as universidades federais. Sempre fomos contrários a essa iniciativa porque não consideramos correto que haja uma política de expansão irresponsável, sem os recursos necessários. Sabemos que a expansão é essencial ao país, mas também que tem que ser feita com financiamento adequado, para que o aumento no número de vagas não signifique aligeiramento de cursos nem diminuição de qualidade. A expansão adequada é a que permite à universidade trabalhar sempre na perspectiva do ensino ligado a pesquisa e extensão.

– A crítica à educação a distância também está contemplada no Plano de Lutas…

– Num país como o nosso, com sérias limitações de financiamento público, a educação a distância é propagada pelo governo como uma solução. Ora, não existe educação a distância. O processo educacional é interativo, presencial. Podemos, no máximo, falar de ensino a distância, porque ensino se refere a uma parte do processo educacional. E não será com ensino a distância que resolveremos os problemas do Brasil. Em outras sociedades que já resolveram parte ponderável de seus problemas na educação, o ensino a distância é apenas complementar. Nesse contexto, nosso Plano de Lutas prevê o acompanhamento também da implantação desse programa.

– Sobre a questão salarial dos docentes das IFES, como se dará a luta do ANDES-SN?

– Continuaremos lutando por condições de trabalho que sejam compatíveis com o ambiente universitário, que devem ser implementadas por meio de valorização da carreira. Continuaremos pressionando pela anulação dessa política absurda de contratar professores substitutos e de trocar salário por gratificações. É preciso denunciar que a planilha de salários que o governo impôs para o funcionalismo em 2009 não compensa perdas salariais anteriores, nem deverá compensar sequer a inflação projetada até 2010. Essas planilhas desconstroem as carreiras e continuam tratando o vencimento básico apenas como uma pequena parcela dentro de uma remuneração mensal que contempla uma série de gratificações. Essa situação só gera
injustiça, instabilidade e uma quebra de isonomia com os aposentados. Sempre
lutamos contra isso. Acredito que com o Plano de Lutas aprovado no Congresso aumentaremos as possibilidades de mudarmos esse quadro.