Durante posse do Consu, Entidades criticam rumos da Unifesp

Estudantes de vários Campi da Unifesp, sobretudo Santos e Guarulhos, ocuparam o auditório Marcos Lindemberg durante o ato de posse do novo Conselho Universitário, para protestar por melhores condições de permanência e infraestrutura na Instituição. O estudante Klaus Ficher leu uma carta em nome do Conselho de Entidades, criticando os poucos avanços democráticos da reforma do Estatuto da Instituição. Este foi o primeiro Conselho Universitário eleito já sob as novas regras estabelecidas pelo “novo” documento.
FALA DO CONSELHO DE ENTIDADES NA POSSE DO PRIMEIRO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIFESP APÓS A REFORMA DO ESTATUTO (2007-2010)
São Paulo, 22 de outubro de 2010.

Bom dia a todas e a todos os membros da comunidade UNIFESP,

Em primeiro lugar, gostaria de lamentar a limitação do espaço para o pronunciamento das entidades representativas da comunidade UNIFESP. Todas as entidades se esforçaram, ao longo de 3 anos, para participar do processo de Reforma do Estatuto de forma a garantir a democratização desta Universidade.

Infelizmente, não alcançamos a maior parte dos nossos objetivos. A questão da democracia na gestão desta Universidade ainda é bastante restrita. Só a partir desta sessão solene a Universidade sairá da ilegalidade e passará a cumprir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, garantindo 30% de representação aos segmentos dos não-docentes. Entendemos que esta concentração de poder na Universidade é prejudicial ao avanço da instituição e exclui os estudantes e os trabalhadores técnico-administrativos da tomada de poder. Além disso, não podemos deixar de destacar que, mesmo dentro da categoria docente, há ainda uma acentuada desigualdade. No Conselho Universitário, por exemplo, os professores titulares mantêm ainda 50% de toda a representação docente e cerca de 20% de todas as vagas do CONSU. Reafirmamos aqui o nosso compromisso em continuar lutando pela paridade na Universidade e pela igualdade entre a categoria docente.

Não podemos deixar de colocar aqui o problema representado pela expansão desenfreada da UNIFESP, iniciada em 2005 e acelerada pelo REUNI. Os campi da UNIFESP mantêm déficits infra-estruturais incompatíveis com a execução das atividades da Universidade, que, obviamente, não podem ser realizadas embaixo de árvores. No campus Baixada Santista, por exemplo, persiste ainda a ausência de instalações definitivas para a Universidade. Além disso, não existem quadras e outras instalações para as atividades do curso de Educação Física. Em Guarulhos, há ausência de uma biblioteca suficiente para o campus persiste como um problema estrutural.

Defendemos, indubitavelmente, a ampliação do acesso ao ensino superior público e gratuito em todo o país. No entanto, isto não pode ser feito à “toque de caixa”. É necessário um planejamento adequado! Os cursos precisam de docentes, servidos técnico-administrativos, salas de aula, bibliotecas, laboratórios e muito mais para começarem as suas atividades. Esta Universidade está cometendo mais um grande erro em iniciar as atividades do campus Osasco com o pequeno número de docentes que temos já concursados.

A criação de um Conselho de Assuntos Estudantis é, com toda certeza, uma vitória deste Conselho de Entidades e de toda a UNIFESP. No entanto, as necessidades no âmbito da assistência estudantil são emergenciais e precisam ser resolvidas imediatamente. É inaceitável que continuemos sem uma política de permanência! Os auxílios hoje constituídos não são suficientes para o número de estudantes que precisam e nem sequer representam uma política definitiva neste setor.

Precisamos, urgentemente, de restaurantes universitários e leitos de moradia estudantil em todos os campi. Os restaurantes devem estender seus benefícios a toda a comunidade universitária, não somente os estudantes de graduação. Pós-graduandos e muitos servidores necessitam dos subsídios às refeições para manter uma dieta adequada quando de sua permanência na Universidade. A moradia estudantil tem que ser um compromisso da UNIFESP a partir deste momento. O campus São Paulo, por exemplo, apesar de sua história de mais de 75 anos, não conta nenhum leito. Os estudantes do campus Baixada Santista continuam com atividades paralisadas em campanha pela permanência estudantil, esperando respostas e medidas efetivas por parte da Universidade. Vamos esperar quanto tempo mais para que esses problemas sejam resolvidos?

Não podemos esquecer, também, da questão do Hospital São Paulo. Esta Reitoria, quando em campanha eleitoral, comprometeu-se com o projeto de federalização do HSP. Não nos contentamos com o contrato de gestão firmado entre a UNIFESP e a SPDM, que apenas formaliza legalmente as irregularidades históricas desta relação. Defendemos a federalização plena do HSP, com gestão direta da UNIFESP, e convidamos à Reitoria a colocar-se ao nosso lado nesta batalha.

Por fim, mantemos o nosso compromisso histórico, de lutar por uma UNIFESP 100% pública, gratuita, de qualidade e democrática. Esperamos poder contar com o apoio de todos os representantes eleitos pela comunidade na construção desta Universidade que queremos.

Muito obrigado,
Conselho de Entidades da UNIFESP