Editorial: Avanços em Santos

Duas notícias do Campus da Baixada Santista fortalecem o caráter público e democrático da Unifesp. A primeira é o abandono do projeto de um Instituto do Mar autônomo em relação à nossa universidade. A preocupação era de que o órgão funcionasse sem prestar satisfação, inclusive captando recursos e vendendo serviços à iniciativa privada sem nenhum controle. A segunda é a desistência da desapropriação do terreno onde seria construído o prédio do campus, fato que acarretaria no despejo de mais de cem famílias. Após o descumprimento da promessa da prefeitura de Santos em realocar essas pessoas para outras moradias, a administração universitária desistiu do espaço. Os questionamentos parecem ter surtido efeito.

Por enquanto, o projeto do Instituto do Mar vai continuar ligado à Reitoria, mas quando estiver em funcionamento, seus cursos e produção científica estarão integrados regularmente ao Campus da Baixada Santista. O idealizador do projeto e seu coordenador inicial, o professor Samuel Goihman, acabou afastado. Os pesados interesses vinculados ao órgão – como a exploração do Pré-Sal e a ampliação do Porto de Santos – fortaleciam uma visão privatizante de suas atividades. Um projeto do Senador Aloísio Mercadante (PT-SP) apresentado no ano passado chegou a propor a formação de outra universidade a partir do Campus de Santos e do Instituto.

Em relação ao novo prédio, foi mais que correta a decisão de não despejar as famílias. Mesmo com a urgência de construir um local adequado para a Unifesp, já que os dois prédios atuais são alugados e apresentam problemas, nossa Instituição não pode simplesmente prejudicar a comunidade local, desalojando tantas pessoas, muitas das quais sem outro lugar para ir. Seria uma medida autoritária e que causaria um desgaste enorme. Neste sentido, prevaleceu o bom senso e o Reitor Walter Albertoni cumpriu seu compromisso de não pedir a desapropriação do local enquanto não houvesse 100% de acordo com as famílias. A participação da Adunifesp nos episódios foi significativa e consideramos o desfecho uma vitória de toda a comunidade.