Nova Presidente da Associação propõe diálogo em defesa da Unifesp

Em discurso proferido durante a cerimônia de posse da 17ª diretoria, a professora da Medicina e nova Presidente da Adunifesp, Maria José Fernandes defendeu uma agenda conjunta entre a direção da universidade e a comunidade, para superar a profunda crise por que passa a Instituição. Clique em leia mais para acessar o discurso na íntegra.

Senhoras e Senhores, colegas da diretoria da Adunifesp, autoridades e demais presentes.

Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer, em nome da gestão “Expansão com Participação Democrática”, a presença de todas e todos nesta cerimônia de posse da 17ª diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo. Gostaria de saudar as diversas categorias da universidade através de suas entidades, o Sindicato dos Trabalhadores, o Diretório Central dos Estudantes, a Associação dos Pós-Graduandos e a Associação dos Residentes. Além disso, agradecemos a presença do Reitor Walter Albertoni e de outros membros da direção da Unifesp. Muito obrigado, também, às autoridades e demais presentes.

É com muito orgulho que assumimos a missão de dirigir a Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo. Nossa entidade representativa, fundada em 1976, vem cumprindo – nestes 33 anos de história – um papel fundamental na defesa da Unifesp pública, gratuita, democrática, laica e de qualidade. Continuaremos trilhando o mesmo caminho, trabalhando por uma Adunifesp cada vez mais organizada e representativa.

É também com orgulho que construímos, enquanto seção sindical, o Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes da Educação Superior), uma das mais importantes e respeitadas entidades deste país. É com alegria que acompanhamos as lutas de nosso sindicato nacional em defesa da educação pública e das mais legítimas bandeiras do povo brasileiro.

A nossa gestão, “Expansão com Participação Democrática”, concorreu como chapa única nas eleições da Adunifesp, realizadas entre os dias 12 e 14 de maio. O pleito contou com a participação de 190 professores, dos quais 163 votos favoráveis (86%). A nova diretoria é formada por 14 docentes, distribuídos em todos os campi da universidade. A gestão será composta pelos seguintes professores:

Presidente: MARIA JOSÉ DA SILVA FERNANDES
Vice-Presidente: SORAYA SOUBHI SMAILI
Secretário Geral: JOÃO FERNANDO MARCOLAN
1º Secretário: FRANCISCO ANTONIO DE CASTRO LACAZ
Tesoureira Geral: ZELITA CALDEIRA FERREIRA GUEDES
1º Tesoureira: RAQUEL DE AGUIAR FURUIE
Diretora de Relações Sindicais, Jurídicas e Defesa Profissional: ALICE FERREIRA
Diretora de Imprensa e Comunicação: ELIANA RODRIGUES
Diretora de Política Sócio-Cultural: MARIA DAS GRAÇAS BARRETO DA SILVA
Diretora de Política Universitária: IEDA THEREZINHA NASCIMENTO VERRESCHI
Diretora Campus Baixada Santista: VIRGÍNIA JUNQUEIRA
Diretora Campus Diadema: VERA LUCIA FLOR SILVEIRA
Diretor Campus Guarulhos: CARLOS ALBERTO BELLO E SILVA
Diretor Campus São José dos Campos: LUIZ LEDUINO DE SALLES NETO

Além dos diretores aqui nominados, a Adunifesp contará com a colaboração de uma “diretoria expandida” – na qual temos o orgulho da participação do Prof. Carlini – e do Conselho de Representantes da Associação, que conta com docentes de todos os Departamentos da Universidade.

Assumimos a direção da Adunifesp em um momento de enormes responsabilidades. A nossa instituição vive uma situação bastante delicada. Uma profunda crise abateu a universidade nos últimos anos e precisa de soluções com urgência. Neste sentido, acreditamos ser este, também, um momento privilegiado para superar a atual situação.

A Reforma do Estatuto da Universidade, que deve encerrar seus trabalhos ainda este ano, pode ser um instrumento importante de democratização da estrutura de poder, garantindo uma participação maior da comunidade nas decisões e um maior controle sobre a gestão da instituição. Além disso, é preciso acabar definitivamente com o abismo – em todos os sentidos – que separa o campus de São Paulo dos demais campi.

O atual processo de expansão da Unifesp precisa ser reavaliado, garantindo que os novos cursos e campi tenham a devida qualidade educacional, com a produção de ensino, pesquisa e extensão, e não fiquem reféns de interesses políticos de governos e partidos. A autonomia é um dos princípios fundamentais para a Universidade Pública e não pode ser ceifada em nome de interesses alheios a universidade.

Além disso, a nossa universidade deve enfrentar, sem medo, as diversas irregularidades apontadas por órgãos como o Ministério Público, a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União. A audiência pública do dia 23 foi um bom exemplo de como encarar esses problemas e encontrar soluções. Particularmente, é preciso mais transparência e controle social na relação da universidade com entidades privadas como a SPDM e a FAp, acabando com as irregularidades em diversos convênios firmados pela Unifesp, mas que são alheios às atividades fins da Instituição.

Por último, é preciso resistir às políticas impostas pelo Ministério da Educação às universidades federais. A expansão das instituições através do programa Reuni, o novo vestibular unificado através do Enem e a reestruturação salarial do magistério superior, são apenas alguns exemplos de ataques à nossa autonomia praticados pelo governo federal.

A transformação dos Hospitais Universitários em Fundações Estatais de Direito Privado parece ser a próxima imposição do Ministério da Educação. Não podemos aceitar que tal projeto seja aplicado ao Hospital São Paulo. A luta da Unifesp sempre foi e deve continuar sendo, a defesa do Hospital São Paulo 100% público.

A Adunifesp, em conjunto com as demais entidades das categorias, está organizando uma grande campanha para barrar tal proposta, ainda mais por saber que o Hospital São Paulo seria utilizado como “balão-de-ensaio” para a transformação dos demais Hospitais Universitários Brasileiros em Fundações Estatais de Direito Privadas. A atual Reitoria, eleita recentemente com um discurso de luta pela federalização do Hospital São Paulo e de defesa da autonomia universitária, não pode aceitar tal proposta de privatização dos HUs.

Queremos construir um diálogo com a direção da Unifesp, debatendo juntamente com as demais entidades, uma agenda de defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. Contamos com a sensibilidade do Reitor Walter Albertoni e dos demais atores políticos da Unifesp, para construirmos tal proposta.

Agradeço a atenção,
Maria José Fernandes – Presidente da Adunifesp – Gestão 2009-2011